Sob a coordenação do Dieese, oficina discute trabalho e meio ambiente com centrais sindicais
Colocar a vida no centro dos sistemas econômicos, reavaliar radicalmente quanto trabalho e de que tipo é necessário para uma boa vida para todos, organizar a sociedade em torno de fornecimento de bens e serviços essenciais, democratizar a sociedade e basear os sistemas políticos e econômicos no princípio da solidariedade. No entendimento do consultor de meio ambiente e ex-funcionário da OIT, Paulo Mouçaçah, esses cinco princípios do manifesto internacional Decrescimento – novas raízes para a economia, pode ser o início do processo de reflexão do Fórum Popular da Natureza (FPN).
O lançamento do Fórum foi realizado a partir de uma série de oficinas que terminaram nesta quarta-feira (10) e reúne movimentos sociais, sindicais e ambientais na tarefa de levar os trabalhadores a se apropriarem dessa discussão. “Deixamos claro que essas oficinas não são o fórum, ele está em construção e dependerá de cada uma das entidades fortalecer sua atuação”, afirmou Renata Belzunces, economista do Dieese que mediou o debate na tarde desta quarta-feira e que tratou do Trabalho e Meio Ambiente.
“O movimento sindical é ator imprescindível para discutir meio ambiente, trabalho e sustentabilidade, que estão interligados. Não há essa dicotomia entre economia e meio ambiente, eles não são incompatíveis. É preciso discutir que gerar comodities não gera emprego, eles ampliam sua produção de soja, mas não geram empregos, é preciso lembrar que há serviços ecossistêmicos que podem produzir mais e melhores empregos”, avalia Daniel Gaio, secretário do Meio Ambiente da CUT Nacional.
Gaio acredita que é preciso reduzir o consumo e direcionar a economia para setores como o turismo de natureza, que já movimenta no Brasil mais de R$ 6 bilhões por ano e gera 3,6 milhões de empregos e com um potencial imenso de crescimento sustentável.
Para Rosmari Malheiros, da CTB, a gestão do meio ambiente é colocada em segundo plano, mas deve ser o centro do debate da classe trabalhadora atualmente: “Isso envolve discutir a importância de resgatar a agricultura familiar, de reparar décadas de degradação ambiental como em Brumadinho em Minas Gerais, ou Barcarena, no Pará, porque tudo faz parte da qualidade de vida que temos”, afirmou.
Herbert Claros, da Conlutas, acredita que é preciso apontar a contradição da exploração da natureza de maneira desordenada e a própria sobrevivência da espécie humana. “Talvez eu seja meio pessimista, mas mesmo com a crise gerada com a pandemia não há mudanças à vista, porque o capitalismo é antagônico ao meio ambiente” entende ele. Cris Palmieri, da UGT, concorda e acredita que é fundamental a consciência dos trabalhadores sobre os impactos que terão sobre suas vidas as mudanças ambientais.