Neste momento, as ameaças de privatização da Caixa estão se intensificando cada vez mais. A cada semana, circulam novas notícias que reforçam o plano do governo de venda não só da Caixa, mas do Banco do Brasil, Correios e Petrobras.

São poucas as empresas públicas que ainda restam no país. As privatizações não são história recente, é um fenômeno de longa data que teve seu auge da década de 1990.

Muitas vezes, não conseguimos refletir com exatidão sobre o assunto observando o processo de fora. Com a intensificação do desejo de privatização da Caixa, muitos empregados se perguntam o que isso realmente significa. Por isso, a APCEF/SP irá publicar uma série de reportagens que lembrarão as privatizações realizadas no país e suas consequências.

Algumas empresas públicas, como a Caixa (fundada em 1861) surgiram antes mesmo do Estado. Os Correios, por exemplo, surgiram a partir do Correio Mor, criado em 1663 quando o país ainda era colônia de Portugal. E o Banco do Brasil foi fundado em 1808.

No entanto, foi durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a política de substituição das importações levou à criação de grandes estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores (1943) e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Para Vargas, o crescimento do Brasil, assim como sua soberania, só seria possível com a criação estratégica da indústria de base. Ela daria suporte para que os demais setores industriais se desenvolvessem, fornecendo importantes matérias-primas.

No seu segundo governo (1951-1954), foi fundada a Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A), 1953 e o BNDES (na época Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), 1952.

Esta lógica começou a ser deixada de lado no governo Sarney (1985-1990) quando foram privatizadas 18 estatais. Outras 18 foram transferidas para governos estaduais, 2 foram incorporadas por instituições financeiras e 4 fechadas. Nos governos seguintes (Collor e Itamar) mais de 20 estatais foram vendidas, incluindo a Companhia Siderúrgica Nacional.

O liberalismo econômico ganhou força nas mãos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), promovendo a dilapidação do patrimônio público, na “era das privatizações” brasileiras. Inúmeras empresas públicas foram vendidas, entre elas, a Vale do Rio Doce e a Telebras. Por pouco, a Caixa não entrou na lista.

Nos governos seguintes, as privatizações não cessaram, mas foram drasticamente reduzidas, inclusive algumas empresas condenadas à privatização foram fortalecidas. Agora, com o rejeitado Michel Temer (aprovação de apenas 3% da população), o plano voltou com força total. E para entendermos o risco que corremos, temos de olhar para o passado e ver o quanto perdemos.

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