O Ministério da Economia apresentou na sexta-feira (20) um levantamento feito pela secretaria de Desestatização do Ministério da Economia, órgão que cuida das privatizações do governo Bolsonaro, que aponta que gestores de empresas estatais têm remunerações que alcançam R$ 2,9 milhões ao ano. Estes dados fazem parte do Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais.

Estes valores de remunerações são usados para impressionar a sociedade quanto aos altos salários pagos aos gestores de empresas públicas e como parte da estratégia de receber apoio para a pauta das privatizações. No entanto, esses números não correspondem à realidade dos salários da maioria dos funcionários públicos destas estatais, que lutam para manter seus direitos e condições de trabalho.

Além de mirar no funcionalismo público, tentando manchar a reputação destes trabalhadores, o ministro Paulo Guedes (Economia), que desde o início do governo Bolsonaro quer deslanchar com essa agenda e não consegue, usa a privatização como solução para os problemas econômicos que afetam o país, já que é o eixo prioritário da sua pauta liberal.

A Caixa Econômica Federal está nesta lista. Então, vamos supor que o ministro Guedes já tivesse alcançado seu objetivo e que a Caixa estivesse privatizada. Qual banco incorporaria a responsabilidade, em meio a uma pandemia, de efetuar milhares de pagamentos do auxílio emergencial e outros programas? Será que os empregados da Caixa se sentem “privilegiados” com suas remunerações e satisfeitos por ficarem expostos em meio a uma pandemia?

Além da Caixa e tantas outras empresas públicas, a Eletrobras é a estatal que o governo tenta se desfazer desde a gestão do então presidente Michel Temer (MDB).

Interessante é que se não fosse a Eletrobras, convocada para socorrer o estado do Amapá, que está em crise de abastecimento elétrico desde o dia 3 de novembro, por meio da Eletronorte, subsidiária que contratou unidades termoelétricas para reabastecer o estado, a situação estaria ainda pior, pois a empresa estrangeira Gemini Energy, que após privatização do setor, atua nos 14 municípios amapaenses, não deu conta de sanar o problema, de acordo com publicação do Brasil de Fato.

Ao que parece o apagão do Amapá diz muito sobre as privatizações no Brasil. Ao que parece o pagamento do auxílio emergencial pela Caixa diz muito sobre as privatizações no Brasil… No fim, quem arca com as consequências é a população, que paga mais caro e não recebe bons serviços.

Mesmo com tudo isso, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou, no entanto, que espera privatizar quatro estatais em 2021: Correios, Porto de Santos, Eletrobras e PPSA, de acordo com publicação da Folha de S.Paulo.

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