A corregedoria da Caixa concluiu a investigação interna sobre as denúncias contra o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, por assédio sexual e moral. Foram mais de 50 depoimentos de vítimas e testemunhas sobre as denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente do banco Pedro Guimarães. Verificou, inclusive, viagens e reservas de hotel, fotos e datas de jantares e reuniões.
O relatório final tem cerca de 500 páginas e já foi apresentado ao Conselho de Administração do banco. Apesar de o presidente da República afirmar que, mesmo depois de ler o relatório, não encontrou nada “contundente”, a conclusão da Corregedoria é que existem, sim, fortes indícios de assédio moral e sexual praticados por Pedro Guimarães. O relatório foi compartilhado com os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, com a Controladoria Geral da União e com a Comissão de Ética da Presidência da República.
A Fenae, a Contraf-CUT e representantes dos empregados da Caixa têm cobrado acesso ao relatório, informações e a manifestação da atual presidente do banco, Daniella Marques, sobre o caso. Mesmo o relatório tendo confirmado a existência de indícios e provas que corroboram os relatos, e ter mencionado a participação de mais pessoas que contribuíram para situações abusivas relatadas tivessem ocorrido (também tendo atuado no sentido de blindar o ex-presidente das repercussões de suas investidas), a nota divulgada pela Caixa não cita qualquer ação tomada após ter conhecimento do relatório.
“A presidência da Caixa deve respostas às vítimas que denunciaram estes abusos, aos demais empregados e à sociedade. A mudança de VPs tem relação com as denúncias? Se sim, por que muitos deles foram indicados para assumir a presidência de subsidiárias da Caixa? O que ocorrerá com as outras pessoas que, de acordo com o relatório, atuaram para facilitar as práticas abusivas atribuídas pelos responsáveis pela investigação ao ex-presidente? O que a direção da empresa pretende fazer para coibir estas práticas, e mudar a cultura de medo?”, lembrou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.
“Essa falta de transparência mina qualquer confiança que os empregados poderiam ter na direção da empresa. Não adianta lançar um programa chamado ‘Caixa Para Elas’, e tratar deste caso gravíssimo ocorrido dentro da própria instituição sem que haja consequências para todos os seus autores”, completou.
:: Caso enfrente situações constrangedoras na Caixa, entre em contato com a Apcef/SP pelo sindical@apcefsp.org.br. O sigilo é garantido.
Além das situações de assédio sexual, a Corregedoria da Caixa também afirma que constatou práticas de Pedro Guimarães relacionadas a: abuso do poder hierárquico, atitudes constrangedoras, comportamentos agressivos, tratamento ríspido e submissão de empregados a práticas de humilhação e vexame. E concluiu que os relatos expõem uma gestão pautada na cultura de medo, comunicação violenta, insegurança, manipulação, intransigência e permissão ao assédio.
O Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação civil pública pedindo indenizações milionárias à Caixa e ao ex-presidente. O Ministério Público Federal também investiga as denúncias.