Para marcar o encerramento do Setembro Amarelo, a Federação Nacional dos Arquitetos (FNA), promove nesta quarta-feira (30), a partir das 19h, a live “Assédio moral nas relações de trabalho: questões de saúde e jurídicas” , que terá transmissão ao vivo pelo canal do Youtube da entidade. Um dos convidados para falar sobre o assunto é o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto. Também participarão da conversa a professora e Assistente Social na Faculdade de Saúde Pública da USP, Ariana Celis, e a presidente da FNA, arquiteta e urbanista Eleonora Mascia.
O presidente da Fenae lembra que dos cerca dos 12 mil suicídios que ocorrem todos os anos no Brasil, cerca de 96,8% dos casos estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, muitas vezes ligada a questões decorrentes do ambiente de trabalho. “E a melhor prevenção é sempre falar sobre isso”, pontua Takemoto.
Pesquisa realizada pela Fenae em 2018 apontou que mais da metade dos bancários da Caixa tinha sofrido assédio moral. Segundo o levantamento, 53,6% empregados do banco já passaram por, pelo menos, um episódio de assédio moral, quando há exposição do trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas.
Os dados também mostram que quase 20% dos trabalhadores ativos entrevistados revelaram ter depressão ou ansiedade. Entre os aposentados o índice é de 4%. O número de bancários que busca acompanhamento regular psicológico ou psiquiátrico é de 19,6%. E 47% dos empregados já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas.
“Isso revela o quanto o modelo de gestão do banco, a sobrecarga de trabalho e a ausência de uma política de saúde do trabalhador estão prejudicando a vida de milhares de pessoas e provocando um verdadeiro quadro de adoecimento crônico na categoria”, avalia o presidente da Fenae.
O levantamento faz parte da campanha “Não Sofra Sozinho” da Federação, que tem como objetivo desenvolver medidas de prevenção ao adoecimento mental no trabalho.
Arquitetos
Durante a live, a presidente da FNA apresentará dados do 1º Diagnóstico de “Gênero na Arquitetura e Urbanismo”, realizado este ano pela entidade. O levantamento, que ouviu 987 profissionais, sendo 767 mulheres e 208 homens, realizou um recorte racial relacionado a tipos de assédio (sexual e moral); violência sexual e discriminação de gênero no trabalho, revelando a maior inequidade de todo o diagnóstico: 59% das mulheres negras entrevistadas declararam sofrer discriminação de gênero, contra 8% dos homens brancos; 47% delas foram assediadas moralmente e 21% enfrentaram o assédio sexual, que “é qualquer ato sexual ou tentativa de obtenção de ato sexual por violência ou coerção, comentários ou investidas sexuais indesejadas”.
“O combate a qualquer tipo de assédio precisa ser realizado dentro de uma agenda pelo trabalho decente e condições que considerem equidade no tratamento profissional, inclusive nos aspectos de remuneração e oportunidades de crescimento”, destaca Eleonora Mascia, que vai mediar o debate online.
De acordo com a professora e Assistente Social na Faculdade de Saúde Pública da USP, Ariana Celis, o mundo do trabalho tem se modificado bastante e, com ele, as formas de violência no ambiente laboral também assumem novas configurações. “O assédio moral, muitas vezes velado, tem nova roupagem, mas segue com a mesma estrutura: a humilhação e o constrangimento. Os trabalhadores que vivenciam esse processo podem ter rebatimentos tanto na saúde mental como na saúde física e as empresas problemas na produção. Dessa forma é imprescindível debater, identificar e combater esse mal”, destaca.
Para participar da Live da FNA, basta inscrever-se no canal da FNA no YouTube clicando aqui.