Mais de 500 pessoas acompanharam a participação da drag queen Rita Von Hunty na estreia do novo projeto da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). A live Pronto Falei abordou o tema LGBTQIA+ e promoveu um passeio histórico pela luta por direitos dessa população.
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Realizada na noite desta quinta-feira, 23, o bate-papo on-line foi o primeiro de uma nova série para tratar de temas que envolvam políticas sociais e representatividade. A convidada da estreia foi a youtuber do canal Tempero Drag, drag queen criada e performada pelo ator e professor Guilherme Terreri. Rita se apresentou como professora de literatura envolvida na luta política, atriz e que tem como foco estudos de cultura.
O bate-papo digital também contou com a participação do presidente da Fenae, Sérgio Takemoto, e da diretora de Políticas Sociais, Rachel Weber. O vencedor, no Distrito Federal, do Talentos Fenae/Apcef 2019 na modalidade Interpretação, Murilo Timo, cantou, acompanhado de violão, a canção Geni e o Zepelim, de Chico Buarque.
A mediadora da live, Rachel Weber, explicou o significado da sigla LGBTQIA+, que representa um movimento político e social de inclusão de pessoas de diversas orientações sexuais e identidades de gênero. L, de lésbicas; G, de gays; B, de bissexuais; T, de transexuais e transgêneros; Q, de queer; I, de intersexo;. A, de assexual e o + abriga todas as diversas possibilidades de orientação sexual e/ou identidade de gênero que existam.
“Todas essas letras abrigam uma comunidade enorme de seres humanos que são marginalizados pela sociedade quando falamos em políticas públicas, acessibilidade, trabalho e reconhecimento profissional e entre tantos outros problemas”, comentou a diretora de políticas sociais da Fenae.
“A sigla que vai se desdobrando em possíveis identidades e modos de estar no mundo muda porque esses modos de estar no mundo mudam. Se não se pretende anacrônica precisa se adaptar à realidade. É política”, complementou Rita.
A drag queen promoveu um passeio pela história de lutas da comunidade LGBTQIA+. Ela resgatou o encontro desta jornada com a causa operária. “Nos anos 1980, os gays se uniram aos trabalhadores, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. O grupo Somos foi para lá apoiar a greve geral e o movimento operário recebeu muito bem o apoio dos homossexuais”, relembrou.
A professora de literatura ressaltou que as lutas identitárias não podem ser sectárias, a luta é única: contra os privilégios. “A gente precisa estar unido. As nossas lutas são contra estruturas que organizam as opressões. Essa luta deve ser feita através da perspectiva do humanismo radical”, afirmou a convidada.
Luta sindical
A segunda parte da live contou com a participação do presidente da Fenae, Sérgio Takemoto. Ele relatou que os direitos previdenciários para casais homoafetivos entraram na pauta do movimento sindical no início do primeiro governo do presidente Lula. A Caixa foi o primeiro banco brasileiro a aceitar parceiros de uniões homoafetivas no plano do Saúde Caixa. A iniciativa integrou o Programa de Gestão da Diversidade, lançado em 2005.
Em 2017, a Caixa passou a implementar o crachá com nome social. A conquista foi uma reivindicação do movimento sindical para o reconhecimento do uso do nome social no setor financeiro e foi acatada pela Fenaban, listou Takemoto.
Retrocessos com a extrema-direita
O presidente da Fenae comentou que as eleições de 2018 trouxeram ao poder políticos de extrema-direita e com pensamentos conservadores e retrógrados no que se diz respeito a população LGBTQIA+.
“Antes mesmo de 2018 terminar, por exemplo, o número de casamentos homoafetivos aumentou expressivamente. Parte dos LGBTQIA+ tinha medo de que, com o novo governo, esse direito fosse retirado. Os casamentos aumentaram 340% depois da eleição de Bolsonaro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, citou.
Takemoto mostrou também dados da violência contra a comunidade LGBTQIA+. Entre 2011 e 2018 pelo Disque 100 (um canal criado para receber informações sobre violações aos direitos humanos), pelo Transgender Europe e pelo GGB (Grupo Gay da Bahia), totalizando 4.422 mortos no período. Isso equivale a 552 mortes por ano, ou uma vítima de homofobia a cada 16 horas no país.