Nesta quinta-feira (16) completa um ano e seis meses desde a primeira mesa entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, que iniciou as discussões sobre a proteção dos bancários durante pandemia. Apesar do tempo transcorrido, a crise sanitária ainda não acabou e, por isso, uma parte dos empregados, especialmente os de área-meio, permanecem trabalhando no chamado “Projeto Remoto Simplificado”, implementado no início da pandemia.
O chamado “Projeto Remoto Simplificado” foi discutido como forma de combinar a manutenção do funcionamento das atividades da Caixa e a proteção dos empregados, pois garantiria o distanciamento social. Atualmente, os empregados das agências que estão nos grupos de risco, e um percentual dos empregados de áreas-meio permanecem no Projeto, já que a crise sanitária persiste, e a pandemia ainda é uma realidade.
A CEE (Comissão Executiva dos Empregados), que representa os trabalhadores da Caixa na mesa permanente, procurou os representantes da direção do banco para debater a manutenção do Projeto, cuja previsão de duração, atualmente, é até 30 de setembro. A aplicação do home office para os empregados neste momento, portanto, visa proteger sua saúde.
Recentemente, porém, os empregados de uma área-meio de São Paulo procuraram a Apcef/SP e o Sindicato para relatar uma situação em que a chefia, sob orientações da Geret (área da Caixa responsável pelas aplicação da política de relações de trabalho da empresa), realizou pesquisa junto aos empregados, para que eles aderissem “voluntariamente” ao modelo de teletrabalho com aplicação integral das condições previstas pelo MN RH 226, que estabelece “acordos de produtividade”, com a aplicação de metas superiores àquelas aplicadas para os empregados que estão atuando presencialmente, para que o empregado seja mantido no regime de home office.
A mudança, na prática, pode fazer com que os empregados que estão em home office tenham que trabalhar muito mais do que seria sua jornada, para dar conta do aumento das metas exigido para que permaneçam em home office, pelas regras do RH 226. Ou seja, a direção do banco se beneficiaria do receio dos empregados de contrair a Covid-19 e/ou contaminar familiares que são grupos de risco para aumentar sua produção e seus resultados, economizando no pagamento de horas-extras, já que não há previsão de registro da jornada para os empregados que estão em home office.
“No início deste ano, a Caixa, de forma unilateral, determinou que caberia a cada vice-presidência definir os percentuais de empregados que atuariam no Projeto Remoto Simplificado e presencialmente, e que o percentual em home office deveria ser entre 30% e 60% do total, o que, na prática, definiu o retorno de diversos colegas de área-meio, inclusive desta. A justificativa da direção era que seria necessário o retorno de parte dos empregados para o trabalho presencial, para que não houvesse prejuízo das rotinas das unidades. Com este movimento a Geret, na prática, desmente a justificativa da direção do banco, já que desvincula o home office da proteção da saúde dos empregados, vinculando-o à produtividade, e mostra que o número de empregado em teletrabalho poderia, sim, ser superior aos 60% definidos como limite para cada vice-presidência” explicou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros. “Os empregados da área estão indignados com a postura da administração da empresa. O sentimento deles é que a empresa estabeleceu uma espécie de “pedágio” para aqueles que querem preservar sua saúde com o distanciamento que o teletrabalho proporciona”, concluiu Leonardo.
Um dos colegas da unidade, ainda, fez um relato que demonstra falta de zelo com a saúde dos empregados que estão atuando presencialmente: “Três semanas atrás houve a decisão de que mesmo aqueles que residem com familiares no grupo de risco deveriam retornar ao escritório. Nesse período começaram uma obra na fachada do prédio e exigiram o fechamento das janelas e que o ar condicionado fosse ligado, mesmo com orientações contrárias dos órgãos de saúde. Colegas foram afastados por diagnóstico de Covid-19 e com o diagnóstico fomos informados que deveríamos deixar o andar para higienização, dando a opção de aglomerar em outro andar que já tinha diversas pessoas, ou terminar o dia trabalhando em casa, mas retornando no dia seguinte.”, contou.
Em reunião com a Apcef/SP e o Sindicato, a chefia da unidade e a área responsável por pessoas nas áreas-meio da capital informaram que a aplicação da regra do RH 226, em meio à vigência do Projeto Remoto Simplificado, teria sido realizada com orientação e aprovação da Geret. Os representantes dos empregados reivindicaram o fim da prática e repudiam a cobrança de metas para quem atua em home office em valor superior às estabelecidas para os empregados que estão trabalhando presencialmente, como condição para que permaneçam em home office durante a vigência do Projeto Remoto Simplificado, e ressaltaram que o critério para a inclusão no Projeto Remoto deve ser as condições de saúde dos trabalhadores ou cohabitantes.
A Apcef/SP encaminhou ofício para a Geret para debater o tema.