As declarações do presidente da Caixa, Pedro Duarte Guimarães, durante reunião ministerial realizada no dia 22 de abril no Palácio do Planalto, tornadas públicas na última sexta-feira, 22 de maio, causaram perplexidade entre os empregados da empresa.
Durante o encontro, registrado em vídeo, Pedro Guimarães criticou trabalhadores que estão atuando de casa, em razão da quarentena imposta por conta da pandemia de coronavírus. “Tá todo mundo em home office. Que porcaria é essa?”, disse o presidente da Caixa.
Guimarães afirmou ainda, na reunião, que 45 funcionários do banco haviam sido infectados por Covid-19, sendo que dois morreram em decorrência da doença. Ele explicou que considera o número baixo, no quadro de 30 mil funcionários no país. Disse que os servidores precisam trabalhar presencialmente para atender a população, com o pagamento do Auxílio Emergencial, e chamou a prática de “home office” de “frescurada”.
O presidente demonstrou, assim, desconhecimento do funcionamento da empresa. O home office é uma medida de prevenção adotada exatamente para reduzir o contágio entre os empregados. Mesmo assim, o número de trabalhadores que deve ser considerado é superior aos 30 mil ditos pelo presidente, pois os empregados das agências alternam semanalmente o atendimento presencial e o home office. O número de casos de Covid-19 na empresa é bem superior ao informado. Somente em São Paulo, já houve mais de 100 aplicações do “protocolo 1”, adotado quando há caso na unidade.
Pedro Guimarães também afirmou que o governo não deve ajudar empresas que apresentavam problemas financeiros antes do início da crise econômica gerada pela pandemia. “Qual ponto que temos que evitar? O cara que está quebrado, já estava quebrado anteriormente e quer nossa molezinha”, completou. Ele também chamou o temor por conta do coronavírus de “histeria coletiva”.
O presidente da Caixa disse ainda ter trocado 105 de 120 executivos do banco público, provenientes de gestões anteriores do banco. “Tem vice-presidente da Caixa que eu expulsei”, afirmou.
A postura do presidente da Caixa é lamentável e não condiz com o comportamento que se espera de alguém que ocupa a presidência da instituição. As opiniões externadas na reunião ministerial envergonham os empregados da Caixa e não refletem a maneira de pensar e os sentimentos dos trabalhadores.