Diante das aglomerações que continuam nas agências da Caixa, devido ao pagamento do Auxílio Emergencial, as entidades representativas dos bancários estão cobrando do banco um posicionamento para resolver a situação. Para continuar atendendo a população de forma segura, uma série de medidas foram reivindicadas, entre elas a instituição do sistema de agendamento por telefone, plano de saúde para todos, organização de filas por profissionais especializados, antecipação do calendário de vacinação, EPI e campanha de esclarecimento.
No total são 13 reivindicações feitas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), orientada pela Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE), e enviada à Caixa na quarta-feira (16). A carta foi direcionada ao presidente da instituição, Pedro Guimarães.
O coordenador da CEE, Dionísio Reis, explicou que a carta contém uma série de pontos que estão faltando para que tenha civilidade, saúde e segurança nas unidades da Caixa e para o trabalho dos empregados. “Precisa ter o agendamento para fazer o atendimento de 20 milhões de pessoas que vão receber o auxílio emergencial. Tem que fazer o pré-agendamento por telefone”, afirmou.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, destacou ser fundamental as medidas tomadas para a garantia da saúde e da vida dos empregados e da população e ressaltou que os empregados Caixa continuarão trabalhando para manter o papel social da Caixa. “Estamos preocupados com as longas filas nas unidades do banco por todo o país. Por isso é importante o esforço das entidades para garantir a proteção à saúde dos trabalhadores do banco, que sempre demonstraram garra e determinação todas as vezes que foram acionados”, afirmou.
Outro ponto importante é a contratação de empresas para organizar as filas por parte da Caixa. “As pessoas vão precisar sacar no caixa eletrônico, então precisa ter gente organizando as filas e não pode ser empregado Caixa”, disse o coordenador.
O Saúde Caixa também está na carta enviada à Caixa. Cerca de dois mil empregados do banco público estão fora do plano de saúde e neste momento de pandemia, a Contraf-CUT e a CEE estão cobrando um posicionamento da Caixa sobre o assunto. “Temos dois mil empregados que estão fora do Saúde Caixa por uma questão que a Caixa e o governo estão obrigando. É uma obrigação colocada para gente pela CGPAR 23. É fundamental que este trabalhadores estejam conosco no Saúde Caixa”, garantiu.
Confira a íntegra da carta:
OF CONTRAF CUT 06020
São Paulo, 15 de abril de 2020.
À Caixa Econômica Federal
Sr. Pedro Duarte Guimarães
Presidente
Sr. Paulo Henrique Ângelo Souza,
Vice-Presidente da VIRED
C/C: Gerência Nacional de Relações no Trabalho – GERET
Prezados senhores,
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, assessorada pela Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, esteve reunida por meio de videoconferência, no dia 14 de abril de 2020, e compartilhou com os representantes do banco a atual situação dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal, bem como da população que acessa as agências no contexto da pandemia da COVID-19.
Na ocasião, os representantes dos empregados, presentes em todos os estados, apresentaram a situação vivenciada e como têm sido o cotidiano frente às ocorrências nas unidades e como os protocolos de prevenção à Covid-19 tem sido aplicados.
Em todas as unidades da federação, as aglomerações de pessoas constituem fatos recorrentes e crescentes em função do anúncio do calendário dos pagamentos do Auxílio Emergencial, divulgado tardiamente pelo Governo. Tal realidade se conjuga ao fato da ocorrência de outros calendários de pagamentos da Caixa, como pensionistas e aposentados. Com isso, são inúmeras as situações críticas verificadas nas agências da Caixa em todo o território nacional.
Dentre as diversas ocorrências a relatar, se destaca a falta de numerário nas regiões mais distantes das capitais e a não organização das filas nas salas de autoatendimento e na área externa das agências, o que tem resultado em tumulto e insegurança, com, não raros, desentendimentos de clientes e usuários contra os empregados do banco.
O que se constata nesse cenário é a prevalência da desinformação quanto aos programas sociais disponibilizados pelo governo federal e operados pela Caixa aos trabalhadores autônomos, desempregados e outros grupos vulneráveis. Esse quadro acentua a insegurança quanto ao efetivo recebimento do auxílio e leva grandes quantidades de pessoas às portas das agências. Nesse sentido, todos os envolvidos se colocam em exposição ao contágio do novo coronavírus, inclusive os empregados do banco. Já há relatos de adoecimento mental frente a tal situação.
O papel que a Caixa desempenha nesse período é reconhecido e, cada vez mais, valorizado pela população mais necessitada do país. Esse é um dos papéis que as empresas estatais devem assumir como prioritário, atender a população e suas parcelas mais vulneráveis.
Os empregados da Caixa estão à frente dessas ações e cumprem suas atribuições com zelo e dedicação, mas necessitam que a direção do banco também atente aos requisitos que garantam as efetivas condições de trabalho.
Por conta do exposto e frente às exigências do momento, as entidades sindicais dos bancários, organizadas nacionalmente por esta Confederação, apresentam as reivindicações que seguem, para que haja a preservação da saúde de clientes e usuários das unidades da Caixa e de seus empregados:
1. Instituição de sistema de agendamento para atendimento aos pagamentos do Auxílio Emergencial, de pensionistas e aposentados, e daqueles que demandem os serviços essências;
2. A organização das filas em salas de autoatendimento ou nas áreas externas da agência deve ser responsabilidade da direção da Caixa, com a contratação de pessoal especializado nessa tarefa;
3. Os equipamentos de proteção individual – EPI devem ser condição para o funcionamento das unidades do banco, sem os quais, se tornam inviáveis as atividades dado o risco de exposição ao contágio do novo coronavírus. Deve ser mantido o suprimento de materiais de assepsia e proteção individual, como álcool em gel e máscaras, bem como barreira protetora de acrílico nos guichês de atendimento.
4. O modelo de teletrabalho deve ser adotado, onde não houver, e ser mantido em níveis máximos, principalmente nas “áreas meio”. Na rede de agências deve ser mantida a política de rodízio semanal, quando não for possível o teletrabalho, inclusive para os trabalhadores terceirizados e prestadores de serviço;
5. A Caixa deve envidar esforços na maximização de campanhas de esclarecimento à população, com foco dirigido aos segmentos mais vulneráveis para a obtenção do auxílio emergencial pelos meios digitais e para, ao cabo, minimizar a utilização de serviços presencias;
6. A direção da Caixa deve antecipar o calendário de vacinação oferecida aos empregados para imunização contra o vírus H1N1 e estender o serviço aos dependentes dos empregados com custo reduzido;
7. A direção da Caixa deve dar continuidade aos processos negociais com as representações sindicais dos empregados a fim de se evitar a implementação de medidas de caráter trabalhista de forma unilateral, tais como previsto nas Medidas Provisórias 905/19 e 927/20;
8. A direção do banco deve garantir o ingresso no plano de assistência “Saúde Caixa” aos empregados não cobertos. Tal medida dará melhores condições de atendimento, considerando, também, que há no segmento, quantidade expressiva de pessoas com deficiência;
9. Que a direção da Caixa pleiteie que, além das atividades bancárias, os bancários sejam considerados trabalhadores em atividade essencial, para que no decorrer da pandemia, sejam considerados parte das políticas de saúde pública;
10. Dada a atual situação, reivindica-se a suspensão provisória da cobrança das dívidas do Credplan, conforme medidas semelhantes tomadas em diversas outras entidades públicas e privadas;
11. Estabelecer prazo maior para o equacionamento da Funcef, visando a redução dos valores mensais e propiciar melhores condições às finanças pessoais dos participantes;
12. A direção da Caixa deve assumir o custeio de todo o atendimento decorrente de assistência psicológico-psiquiátrica dos empregados no período que durara a pandemia da Covid-19;
13. Haja vista a maior procura pelas unidades da Caixa em todo o país, faz-se necessário que a direção do banco proceda com o reforço na estrutura e logística para suportar o maior volume de operações nessa fase de pandemia, com prioridade para aquelas agências em localidades mais afastadas das capitais dos Estados;
Todos os temas abordados compõem o quadro com as principais reivindicações dos empregados, através das entidades sindicais no país, que, desde já, tem se colocado ao lado dos empregados, bem como, à frente das unidades, buscando garantir o tendimento essencial aos mais vulneráveis em nosso país.
Colocamo-nos à disposição para tratar dos temas apresentados e de outros que se fizerem presentes, a fim de buscar propostas para o bom funcionamento do atendimento da Caixa Econômica Federal à população brasileira, para melhorar a segurança de seus trabalhadores e contribuir preservar a saúde de todas e de todos nesse momento de combate à pandemia do novo coronavírus.
Sem mais,
Juvandia Moreira
Presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)