O Brasil deve superar nesta quarta-feira (19) a triste marca de 440 mil mortes causadas pela Covid-19, desde o início da pandemia do coronavírus, em março de 2020. Na terça-feira (18), foram 2.513 mortes, o que levou o país a 439.050 óbitos. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em um período de 24 horas foram notificados 75.445 novos casos da infecção respiratória causada pelo novo coronavírus, totalizando 15.742.836 registros oficiais de contaminação.

Os números confirmam que a curva de novos casos segue ascendente e indicam piora do cenário também nas mortes diárias nos próximos dias. Uma semana atrás, no dia 11, foram 72.715 casos registrados em um período de 24 horas, com 2.311 óbitos.

Outro dado que indica que a velocidade de contaminação voltou a subir é o da média móvel de mortes e de casos, que são calculadas somando-se os números de cada um dos últimos sete dias e dividindo o total por sete. Tanto em um caso como no outro, os resultados mostram crescimento.

Os reflexos da alta já estão sendo registrados em São Paulo. Pesquisa divulgada na terça-feira pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp), mostra que a taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 cresceu 7,5% na rede hospitalar privada do estado em maio.

Realizada entre 11 e 17 deste mês, o estudo aponta que 85% dos hospitais particulares paulistas já estão com ocupação superior a 80%. Na pesquisa anterior, em 30 de abril, eram 79% dos hospitais com esse nível de lotação. A pesquisa mostra ainda que, entre as unidades mais lotadas, 39% estão com ocupação entre 91% e 100%, enquanto 46% oscilam entre 81% e 90%.

A Fiocruz e demais autoridades sanitárias destacam a necessidade de estados e municípios retomarem as medidas de distanciamento e isolamento social, assim como reforçar campanhas pelos protocolos de segurança, como o uso de máscara e limpeza constante das mãos como medidas para diminuir o contágio pelo coronavírus e as internações pela doença.

Isso porque já se sabe que a covid-19 leva de dez a 15 dias para se manifestar agressivamente depois de contaminar o organismo. Portanto, se hoje o número de mortos é considerado estável na casa dos 1.900 ao dia, mesmo que em patamares muito elevados, o crescimento diário do número de casos será em breve seguido também pelo de óbitos.

A flexibilização generalizada da quarentena pelo país, a partir do fim de abril, é resultado da redução das mortes registradas no mês passado. Por sua vez, essa redução só foi alcançada em razão das medidas de isolamento adotadas pelos estados e municípios, especialmente em março. Naquele momento, o Brasil vivia o pior momento da pandemia de covid, com mortes na casa de 4 mil por dia.

Porém, tais medidas foram suspensas de forma antecipada e com pouco planejamento, com reflexos já claros na atual tendência de elevação dos casos. Em contrapartida, pesquisa do Instituto Datafolha, nesta segunda (17), indicou que o nível de isolamento é o mais baixo desde o início da pandemia, em março de 2020. Apenas 30%, do total de 2.071 pessoas consultadas entre os dias 11 e 12 maio disseram estar totalmente isoladas.

Outros 63% responderam que tomavam cuidado, mas saíam de casa para trabalhar e fazer outras atividades. Na pesquisa anterior, em abril, os que não estavam em isolamento eram 24%.

“Infelizmente vemos a lógica negacionista sendo estimulada por irresponsabilidade de governantes, especialmente o governo Bolsonaro, flexibilizando medidas em um momento difícil. Vamos continuar cobrando dos bancos que não entrem nesta lógica irresponsável e garantam todas medidas necessárias. A vida e a saúde têm que estar em primeiro lugar”, afirmou Mauro Salles, secretário de saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Fonte: Contraf-CUT

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