Aconteceu nesta segunda-feira (17/8), de forma virtual, a terceira mesa de negociação específica da Caixa no âmbito da Campanha Nacional dos Bancários 2020. Neste encontro, a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) debateu com os representantes do banco questões relacionadas a Igualdade de Oportunidade e Cláusulas Sociais.
“A Caixa praticamente não apresentou respostas às nossas reivindicações e os avanços são mínimos, o que é extremamente grave tendo em vista o avanço da Campanha Nacional dos Bancários 2020. Cobramos dos representantes do banco uma posição sobre a pauta que apresentamos, incluídas questões como PLR e Saúde Caixa. Reforçamos nosso posicionamento de manter as cláusulas sociais e avançando nos direitos como, por exemplo, a redução de tarifas e juros, o que se aplica aos empregados da ativa e aposentados”, relatou o diretor-presidente da Apcef/SP, Kardec de Jesus Bezerra.
A Caixa alega dificuldades com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) para manter a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) no formato conquistado pelos empregados e mantido nos últimos anos. Além disso, os representantes do banco informaram que a Caixa deseja aplicar o parcelamento de férias em três períodos e intervalo de almoço de 30 minutos para a jornada de oito horas, conforme prevê a reforma trabalhista. O banco alega que foi questionado pelo Ministério Público do Trabalho sobre estas questões, que seriam importantes para “flexibilizar” a jornada dos empregados.
“Além de não apresentar respostas às nossas reivindicações, a Caixa dá claros sinais de que pretende avançar sobre as conquistas dos empregados. Não aceitamos nenhum direito a menos! Exigimos a PLR e a PLR Social no formato conquistado! Cobramos o Saúde Caixa para todos, além de condições de trabalho adequadas e a justa valorização pelo nosso trabalho. Atacar os direitos dos empregados da Caixa, quando mais uma vez dão um exemplo de compromisso com a sociedade, ao contrário do governo federal, é inadmissível! Mais do que nunca precisamos da mobilização de todos os empregados e empregadas. A Caixa 100% Pública e os nossos direitos estão seriamente ameaçados. Somente com a nossa união e mobilização venceremos mais essa batalha”, explica o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e membro da CEE/Caixa, Dionísio Reis.
Igualdade de Oportunidades – A CEE/Caixa enfatizou que a Caixa foi o único banco a não participar do Censo da Diversidade; tratou das dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência (PcD) nos locais de trabalho e suas reivindicações; lembrou que a contratação de PcD foi fruto de ação judicial do movimento sindical; e destacou o fato de que a Caixa nunca apresentou qualquer proposta para combater o racismo estrutural, algo grave para um banco que deveria ser pioneiro no tema, uma vez que precisa atender todas a sociedade brasileira, fortemente caracterizada por sua diversidade. Para os representantes dos empregados, o tema Igualdade de Oportunidades deve ser debatido permanentemente, e não apenas nas campanhas nacionais da categoria.
Por sua vez, a Caixa alegou que demorou a aderir ao Censo da Diversidade e que a adesão foi baixa. Porém, não citou qualquer ação do banco para aumentar a participação dos empregados. O banco também reconheceu que precisa avançar nas condições de trabalho para PcD, uma vez que existe uma dispersão muito grande entre as chefias no tratamento dos empregados.
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Saúde Caixa – A Caixa confirmou para quarta-feira (19/8) a realização de mesa de negociação específica sobre o Saúde Caixa, conforme reivindicado pela CEE/Caixa, e que prepara uma proposta para o tema.
Jornada – Sobre a jornada de trabalho, a Caixa alegou que reduziu em 1 hora o horário de fechamento das agências, em vez de abrir uma hora depois, porque a maior parte dos atendimentos estaria concentrado no início do dia. Os representantes do banco afirmaram que haverá ampla divulgação sobre a mudança de horário, que terá início na terça (18/8).
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Rodízio nas agências – Sobre o rodízio, a Caixa comprometeu-se à mantê-lo e reconheceu sua importância para a proteção à saúde. Esclareceu ainda que os SEVs tem autonomia de realocar os empregados entre as unidades para garantir o rodízio, e serão orientados a atuar neste sentido.
Superlotação e cobrança de metas – A CEE/Caixa ressaltou a preocupação com a orientação vinda do próprio Vired de colocar a maior quantidade possível de pessoas nas agências e os impactos para saúde dos empregados e da população. Questionou também a incongruência da cobrança de metas e a resposta oficial da empresa de que o atendimento presencial seria limitado aos serviços essenciais, reivindicando que a cobrança de metas em meio à pandemia de coronavírus seja revista.
A Caixa respondeu que os negócios devem ser feitos pelos empregados que estão em trabalho remoto, e não pelos que estão na agência. Entretanto, a CEE/Caixa esclareceu que, na prática, o que ocorre é o contrário. Que, pelo fato de estarem sendo cobrados por metas, os gerentes gerais não vão liberar empregados para atuarem em outras unidades, comprometendo o rodízio.
Os representantes dos empregados destacaram ainda que mudanças de sistemas e calendários em meio à pandemia, somadas a cobrança de metas, contribuem para piorar o clima nas unidades, que já é horrível. “Equilibrar um bom atendimento nas agências com a proteção à saúde dos empregados passa necessariamente pela não cobrança de metas neste momento. Cobramos respostas quanto à esta reivinidicação”, disse Kardec de Jesus Bezerra.
A CEE/Caixa enfatizou ainda que existem unidades que continuam convocando empregados do grupo de risco para o trabalho presencial, cobrando uma posição mais firme do banco para que a orientação de manter o home office seja respeitada.
Por sua vez, a Caixa comprometeu-se em reforçar as orientações para as unidades como a higienização adequada, respeito ao rodício, e home office para empregados do grupo de risco.
Terceirizados – Sobre a cobrança da CEE/Caixa para que o banco se responsabilize pelos terceirizados, assegurando que sejam afastados em caso de grupo de risco e suspeita ou confirmação de Covid-19, a Caixa alega que não pode intervir nos terceirizados, mas que orienta as empresas prestadoras a avaliar o afastamento e que não pode garantir que os terceirizados afastados não tenham o contrato de trabalho rescindido ou prejuízos na remuneração.