Na reunião da mesa permanente de negociação ocorrida em 11 de maio, o primeiro tema tratado (e que foi debatido por mais tempo) foi o pagamento a menor da PLR Social. Para a direção do banco, os valores pagos não apenas estariam corretos, com a aplicação de indicadores definidos antes da pandemia e que não foram objeto de negociação, como teriam superado os limites previstos pela resolução 10/1995 da Comissão de Controle das Estatais (CCE).

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE), que representa os trabalhadores do banco público na mesa de negociação, expuseram a fragilidade da argumentação da Caixa para tentar sustentar o pagamento em percentual menor do que foi negociado em mesa e está previsto no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A contradição da direção fica evidente quando a argumentação dos prepostos é confrontada com as declarações do próprio Pedro Guimarães: enquanto o presidente da Caixa se gaba de ter registrado o maior lucro da história do banco em 2019, e parabeniza sua gestão por ter superado o lucro orçado em 2020 (a empresa orçou um resultado de R$ 9 bi, e atingiu R$ 13 bi), seus representantes insistem que a empresa não teria alcançado os tais indicadores em nenhum dos dois exercícios. “Como pode o presidente da empresa comemorar lucros que seriam recordes ou acima do esperado e o banco não ter alcançado estes indicadores, até então ‘secretos’? Ou alguém está muito equivocado, ou parece que não estamos falando da mesma empresa”, avalia o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.

Os representantes dos empregados demonstraram à Caixa que o único indicador explícito no ACT é o lucro líquido do banco, e o acordo estabelece o limite de 15% para a distribuição da PLR total. A Caixa tentou, ainda, sustentar o argumento, dizendo que os indicadores “secretos” são traduzidos, e podem ser acompanhados pelos empregados pelos objetivos estabelecidos no Conquiste de cada unidade, e que nenhum banco explicita seus indicadores no acordo de PLR. “Nenhum banco explicita seus indicadores no acordo de PLR, mas nenhum outro pagou um percentual menor que o estabelecido na negociação. Os representantes da Caixa, na mesa de negociação, informaram que em 2019 foi distribuído 9% do lucro líquido no pagamento da PLR, e em 2020 o percentual distribuído foi de 11%. Não haveria, portanto, limitação no Acordo para a distribuição da PLR Social integral, já que o limite do ACT é de 15%” explica Leonardo.

“A informação que a direção trouxe, de que o Conquiste reflete os indicadores que ninguém conhece, é absurda. Ano passado, praticamente todas as agências fecharam o ano em Alta Performance, superando os 100%. O lucro atingido foi maior que o orçado. A direção do banco chefiado por Pedro Guimarães deveria tentar de arrumar justificativas e pagar o valor correto. Já recebemos reclamações sobre o pagamento dos comissionamentos, que teria sido feito a menor. A imagem que Pedro Guimarães está passando para os empregados, infelizmente, é das piores”, conclui Leonardo.

Como a Caixa disse que entende que o pagamento está correto, mesmo após o encaminhamento de ofícios demonstrando o problema, discussão em mesa e a realização de mobilizações como a paralisação do dia 27, a CEE avaliará as alternativas, como o ingresso de ações de cumprimento de Acordo, para preservar os direitos dos empregados.

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