Na reunião de negociação com o Comando Nacional dos Bancários nesta quarta-feira (24), a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) trouxe uma proposta para a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) que gera redução do percentual distribuído pelos bancos para a categoria e ainda querem compensar o valor pago em programas próprios na parcela adicional. O Comando recusou a proposta em mesa.
Os bancos começaram a reunião propondo manter o texto da cláusula sobre PLR da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) atual, com correção de apenas 6,22% sobre o valor do teto. Com a proposta apresentada pelos bancos, nos três maiores bancos privados do país (Bradesco, Itaú e Santander) o percentual de distribuição na regra básica cairia de 4,97% do lucro distribuído em 2021 para 4,89% neste ano. Na parcela adicional a redução seria de 1,69% para 1,63%.
Nova proposta com perdas – Após recusa do Comando e pausa na reunião, os bancos voltaram e apresentaram uma correção no teto de 6,73%. Com a nova proposta apresentada pelos bancos, o percentual distribuído nos três maiores bancos privados do país cairia de 4,97% do lucro distribuído em 2021 para 4,85% neste ano na regra básica. Na parcela adicional a redução seria de 1,69% para 1,64%.
“Em 1995, os bancos já chegaram a distribuir, em média, 14% dos lucros a título de PLR. No ano passado caiu para 6,6% e agora querem reduzir ainda mais! É um absurdo!”, criticou a presidenta da Federação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, ao observar que, no ano passado, foram distribuídos, em média, 45% dos lucros em dividendos aos acionistas e, para 2022, a média de remuneração anual da diretoria executiva dos maiores bancos está prevista para cerca de 9 milhões por diretor, valor 11,1% maior do que o de 2021.
“Mais um dia inteiro de negociação, com os bancos apresentando propostas rebaixadas, fazendo longas pausas na mesa para depois apresentar índices de reajuste que vão aumentando a conta gotas. Passaram de 6,22% para 6,73%. Já chegamos à décima quinta mesa de negociação e eles ainda não apresentaram uma proposta de índice para reajuste dos salários. É desrespeito com a categoria que constrói seus lucros bilionários”, criticou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva.
“Com estes limitadores, o percentual distribuído é cada vez menor, porque os lucros crescem, mas os tetos e as parcelas fixas limitam a distribuição aos trabalhadores”, explicou a presidenta da Contraf-CUT.
Ferramenta de assédio – Com relação ao interesse dos bancos de querer compensar os valores pagos pelos programas próprios na parcela adicional da PLR da categoria, o Comando ressalta que será utilizada como mais uma ferramenta de assédio moral.
“Os bancos, por meio de seus gestores, vão utilizar como argumento para aumentar ainda mais as cobranças abusivas pelo cumprimento de metas”, disse a presidenta da Contraf-CUT.
“Compensar programas próprios na parcela adicional da PLR deixa os trabalhadores ainda mais vulneráveis às cobranças de metas abusivas. Não vamos aceitar”, acrescentou a presidenta da Seeb/SP.
Assembleias – Sindicatos da categoria de todo o país vão realizar assembleias na sexta-feira (26) para que os bancários analisem a proposta da Fenaban e autorize o estado de assembleia permanente.
“Com uma proposta de reajuste sem aumento real, com reajuste do vale alimentação apenas pela inflação geral, sem considerar a inflação dos alimentos, e uma PLR rebaixada, os bancos jogam a categoria para a greve”, concluiu Juvandia.
Continuidade das negociações – A próxima reunião de negociação está marcada para esta quinta-feira (25), a partir das 14h, presencialmente, em São Paulo. Mas, o Comando pediu para que os bancos avaliem a necessidade da reunião e a mesma aconteça apenas se houver propostas que reconheçam o trabalho da categoria.