Fundamentais para o desenvolvimento do país, a geração de emprego e renda, e para a população que mais necessita das políticas sociais do governo, a importância dos bancos públicos ficou evidente nas falas de todos os participantes durante o relançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, ocorrido nesta terça (16) na Câmara dos Deputados.
A recriação da Frente foi proposta pela deputada federal Erika Kokay (PT/DF), com atuação e monitoramento da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT). A deputada enfatizou o “rastro de destruição” deixado por Bolsonaro (PL) e Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa, no banco público, desde as incessantes tentativas de privatização até os assédios moral e sexual praticados por Guimarães.
“Uma das funções da Frente é construir uma política nacional de combate ao assédio. O que a Caixa passou é uma profunda crueldade”, afirmou a deputada. “É preciso estabelecer uma política de prevenção do assédio, implementar medidas para que isso nunca mais ocorra, além de punir os assediadores. O que aconteceu com a Caixa não pode ser em vão”, acrescentou.
Além de promover o debate sobre a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, um dos objetivos da Frente é articular estratégias para proteger essas instituições estatais de projetos no Congresso que tenham impacto negativo nos bancos públicos e seus trabalhadores. Nesse sentido, Cardoso, vice-presidente da Fenae, mencionou a resistência das entidades associativas e sindicais, dos funcionários e dos parlamentares comprometidos com a democracia durante os ataques ocorridos nos últimos quatro anos.
“O fantasma da privatização agora está distante, mas não podemos retroceder. Sofremos muitos ataques aos bancos públicos e a programas fundamentais como o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, o Fies e outros. O momento atual é de reconstrução, inclusive dentro do governo, se necessário. E a Frente desempenhará um papel fundamental nesse processo”, ressaltou Cardoso, que falou em nome do presidente da Fenae, Sergio Takemoto, que estava presente no evento, mas passou por um procedimento cirúrgico que o impossibilitou de discursar no lançamento.
O presidente da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), Ricardo Pontes, expressou seu apoio aos bancos públicos e falou sobre a luta da categoria para conquistar direitos, como a jornada de seis horas. “Desde 1985, mantemos viva essa bandeira para que os novos bancários possam assumir essa tarefa futuramente e continuar essa luta”, destacou.
Anos de destruição – Os pronunciamentos dos participantes fizeram referência ao papel dos trabalhadores, das entidades associativas e sindicais, e dos parlamentares que conseguiram, por meio da luta coletiva, resistir aos maiores ataques aos bancos e aos direitos dos trabalhadores. O secretário de Relações do Trabalho da Contraf/CUT, Jeferson Meira (Jefão), falou sobre a criação dos bancos públicos, que nasceram com o papel de serem úteis para o país e sua população. “Precisamos de bancos públicos fortes e de trabalhadores igualmente fortalecidos e respeitados”.
Jacy Afonso, presidente do PT/DF, destacou que é preciso mexer nas estruturas “para realizar as mudanças que fizeram o povo ir às ruas eleger Lula”. Crítico à elevada taxa de juros, a Selic, ele sugeriu um amplo debate sobre uma proposta de estatização do sistema financeiro brasileiro.
Rodrigo Rodrigues, presidente da CUT/DF, também falou sobre os últimos anos de resistência e destacou os empregados da Caixa. “Precisamos fortalecer os empregados, especialmente na Caixa. Fortalecer um processo de respeito a quem constrói os bancos públicos todos os dias”, disse.
A valorização dos empregados dos bancos públicos também foi destaque na fala do vice-presidente do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Rodrigo Britto. Além de explicar o trabalho de articulação no Congresso, citou a importância da mobilização dos trabalhadores para impedir a aprovação de projetos que prejudiquem os bancos públicos, seus empregados e, consequentemente, a população. “A categoria bancária é a mais organizada, a única no país que tem Convenção Coletiva de Trabalho, terá capacidade de barrar esses projetos e avançar nas propostas que garantam mais qualidade de vida aos trabalhadores”.
Parlamentares comprometidos com a Frente – O deputado Reimont Otoni (PT/RJ) ressaltou que está comprometido na defesa dos bancos públicos na Câmara. “Travamos essa luta para que os bancos continuem públicos e a serviço dos brasileiros”, destacou.
O discurso do deputado federal Tadeu Veneri (PT/PR) emocionou os presentes ao lembrar de pessoas fundamentais para o fortalecimento dos bancos públicos e dos direitos da categoria. Ele citou Aloísio Palhano, sindicalista, militante e bancário desaparecido na ditadura militar, e Luiz Gushiken, ex-sindicalista, deputado federal e ministro.
“Nossa luta é também para que a memória de tantas companheiras e companheiros que fizeram tanto para estarmos aqui hoje não se apague”, ressaltou. “Meu neto acabou de nascer, o ‘Luquinha’, e ele não pode esquecer que o Palhano morreu para que pudéssemos estar aqui. Esse é o nosso papel. Nós somos a memória viva das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do mundo todo”, concluiu.
O deputado federal Glauber Braga (Psol/RJ) não pode participar do relançamento, mas fez questão de afirmar seu apoio à Frente. “Não podemos permitir o esquartejamento [dos bancos] que neoliberais tentam o tempo inteiro. Temos que fortalecer os bancos públicos”. “Não aceitamos esse tipo de medida que tenta fazer com que a população fique cada vez mais refém dos bancos privados e suas articulações”, disse o deputado, em vídeo.
Também estiveram no lançamento simbólico da Frente o deputado Luiz Carlos Motta (PL/SP), relator da proposta de Orçamento de 2024; os diretores da Funcef, Jair Pedro Ferreira e Rogério Vida; o representante do sindicato dos servidores do Banco Central, Rodrigo Monteiro; o diretor executivo da Fenae e presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Antônio Fermino e o diretor de representação institucional da Federação Nacional das Associação dos Gestores da Caixa (Fenag), Marconi Apolo.
Agenda Legislativa e Caderno dos Estados – Na ocasião a Fenae e a Contraf/CUT lançaram a Agenda Legislativa (clique aqui), que reúne mais de 90 projetos em tramitação no Congresso que impactam a categoria bancária, a Caixa e os serviços oferecidos à população. Outro material foi o Caderno dos Estados 2023, com dados dos principais serviços sociais e das políticas públicas do governo que são operadas pela Caixa em cada estado do país. O conteúdo pode subsidiar administrações municipais e estaduais, parlamentares e pesquisadores e imprensa sobre o papel essencial da Caixa no Brasil.