A direção da Caixa e o governo querem privatizar boa parte dos negócios do banco público, por visualizarem a Caixa apenas como um banco que tem que dar lucro.

A reportagem do Valor Econômico de terça-feira, 31, com o título “Caixa quer capital para fazer política de governo”, mostra que a direção do banco, presidida por Gilberto Occhi, apresenta uma linha de ajustes em sua política para que se garanta uma estrutura de capital e se cumpra as regras da Basileia 3, – que exigirá a partir de 1º de janeiro de 2019 um índice de capital de 9,5% -, mas que não enxerga a Caixa como um banco público que fomenta a economia, que é fundamental para o desenvolvimento do país e que financia o acesso à educação e moradia da população e a infraestrutura e saneamento das cidades.

Para a direção da Caixa é preciso que haja corte de custos administrativos. Isto já está em andamento com a redução da folha de pagamento em virtude da promoção de dois Programas de Demissão Voluntária Extraordinária ocorridos este ano e a não contratação de empregados, o fechamento de agências em todo país, a negação da existência do contencioso judicial com a Funcef e, em 26 de outubro, em reunião com a Comissão Executiva dos Empregados, a apresentação de proposta de teto limitador nos investimentos no Saúde Caixa.

Para os empregados perdas de direitos. Para a sociedade, esvaziamento do banco público.

A direção da Caixa ainda defende a venda no mercado de carteira de investimentos de infraestrutura de R$ 5 bilhões, captação externa e reestruturação da área de seguridade.

Fatiar para facilitar – A estratégia da direção do banco visa primeiramente a privatização das áreas de loterias e seguridade, segundo reportagem de terça-feira, 31, do Valor Econômico, com o título: “Instituição procura sócios para loterias e seguros”.

Alinhado a esta política, a reportagem afirma que o governo “decidiu que fará um leilão de outorga do direito de explorar loterias e que busca sócios para os ramos de seguros habitacional, auto e riscos patrimoniais e diversos e consórcios”.

Abertura do capital – O objetivo final de todas essas movimentações é um só: a privatização da Caixa.

A abertura de capital da Caixa já entrou na pauta de discussões no Conselho de Administração que avalia uma mudança no estatuto que transformará a instituição em uma Sociedade Anônima, mas, de acordo com a reportagem do Valor, por problemas jurídicos o Conselho retirou o assunto de pauta por duas vezes. O decreto-lei nº 759 especifica que a Caixa é uma empresa pública e, para virar uma S/A, precisaria mudar as regras.

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