A Caixa Econômica Federal anunciou a contratação de 800 novos empregados. As vagas serão preenchidas por aprovados do concurso público realizado em 2014. A convocação é para início imediato, segundo comunicado do banco público, na terça-feira (23), e visa reforçar o atendimento nas agências, dada a urgência do governo do presidente Lula em acelerar o processo de reconstrução democrática do país.
A admissão dos novos contratados faz parte de uma reivindicação histórica das entidades representativas. Nos últimos anos, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), federações, sindicatos e comissões dos próprios concursados realizaram diversas mobilizações com o intuito de forçar a direção do banco a retomar o processo de contratações, medida considerada imprescindível para suprir a carência de pessoal nas unidades. Mas infelizmente até o momento, do lado da última gestão da Caixa, houve apenas postergação.
O déficit de pessoal da Caixa é elevado e cada atual bancário da estatal responde, em média, pelo atendimento a mais de 1,7 mil clientes, conforme revelou estudo recente encomendado pela Fenae em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A respeito dessa situação dramática, o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, alerta: “O déficit na Caixa vem crescendo ao longo dos anos. Isso traz consequências não só ao quadro de pessoal, mas também compromete a qualidade da assistência à população, notadamente à parcela mais vulnerável”.
Segundo Takemoto, o banco, que é o único 100% público do Brasil, é responsável por 19,2% das agências bancárias do país e está presente, inclusive, em municípios onde as instituições privadas não têm interesse em atuar. “É, portanto, mais que urgente que o banco efetivamente promova as contratações”, reitera.
O presidente da Fenae opina, por fim, que a carência de pessoal na Caixa causa superlotação em agências, sobrecarga de trabalho e adoecimento dos empregados, prejudicando o atendimento à população. Ao pontuar que a instituição financeira pública possui mais de 142 milhões de clientes e 220 milhões de contas bancárias, Sergio Takemoto avalia que a medida adotada pela atual gestão da Caixa é bem-vinda, embora a demanda por mais contratações permaneça. “Será preciso contratar sempre mais trabalhadores”, pondera.
Para o movimento nacional dos empregados, a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros e o combate à desigualdade social no país são os resultados mais importantes da Caixa. “Diante disso, é essencial que os trabalhadores do banco sejam valorizados e protegidos de abusos de gestão para que esse legado possa ser preservado e levado adiante”, completa Takemoto.
O último balanço divulgado pela Caixa mostra que o banco encerrou o primeiro trimestre de 2023 com 86.741 empregados, 109 a menos no período de um ano. Entretanto, a queda no número de trabalhadores ocorre concomitantemente ao aumento de 5 milhões de novos clientes, o que eleva o número de clientes a serem atendidos para 1.744 empregados.
O concurso de 2014 foi um dos maiores realizados pela Caixa, com quase 1,2 milhão de inscritos. O número de aprovados chegou a 32.879 candidatos, mas menos de 8% foram contratados. Na época, o banco contava com 101.484 trabalhadores, mas hoje tem apenas um contingente de 87.221 pessoas. Ao julgar pelos dados do balanço do primeiro trimestre de 2023, são 14.743 postos de trabalho a menos.