A Caixa Econômica Federal apresentou lucro líquido de R$ 13,169 bilhões em 2020. Em comparação com 2019, quando o banco registrou lucro recorde de R$ 21,1 bilhões, houve uma queda de 37,5%. Segundo os números divulgados nesta quinta-feira (18), no quarto trimestre do ano passado houve recuperação dos resultados e o lucro do período chegou a R$ 5,7 bilhões, aumento de 200% sobre o terceiro trimestre e de 15,8% na comparação com o mesmo período de 2019.
Para a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), o resultado da Caixa no ano passado é significativo e reflete o esforço dos empregados do banco público em atender quase metade da população do país com o pagamento do auxílio emergencial e de outros benefícios, além de assegurar o papel social da empresa, que foi fundamental no socorro aos setores mais afetados pela crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19.
“Apesar da falta de empregados, agravada com a pandemia com quase 50% dos trabalhadores em home office, a Caixa aumentou o número de clientes em mais de 42 milhões e expandiu a oferta de crédito, especialmente para os setores que mais necessitavam como as micro e pequenas empresas. Isso tudo é fruto do empenho dos empregados que estão na linha de frente da crise sanitária, mantendo o atendimento de um serviço essencial à população e enfrentando diariamente os riscos da exposição ao vírus, jornadas estressantes e cobranças de metas desumanas”, avalia o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.
Em 2020, a Caixa pagou auxílio emergencial no total de R$ 293,1 bilhões para 67,9 milhões de pessoas. O banco também foi responsável pela liberação de R$ 36,5 bilhões do Saque Emergencial do FGTS, valor pago a 51,1 milhões de pessoas.
Em entrevista coletiva à imprensa nesta quinta (18), o presidente do banco, Pedro Guimarães, que em janeiro propagava que a Caixa voltaria a ter novo lucro recorde, atribuiu a queda aos impactos da pandemia do novo coronavírus, redução dos juros e na receita da gestão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em torno de R$ 2,5 bilhões Em 2020, a taxa cobrada pela Caixa para gerir o fundo foi reduzida pela metade, passando para 1%.
“Mesmo que a Caixa tenha reduzido o lucro no comparativo com o ano anterior, nosso lucro foi bom sim, até porque precisamos lembrar que em 2019 o lucro foi impulsionado pela venda de ativos, o que é extremamente ruim para empresa”, argumenta a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Fabiana Uehara Proscholdt. Em 2019, o resultado da empresa foi fortemente impulsionado pela venda de mais de R$ 15,5 bilhões em ativos.
Mais contratações e melhores condições de trabalho – Segundo o balanço divulgado hoje, a Caixa encerrou o ano de 2020 com 81.945 empregados, com fechamento de 2.611 postos de trabalho em 12 meses. Desse total, 2.113 foram decorrentes do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) lançado em novembro, que teve adesão de 2.113 empregados. Por outro lado, o banco teve um aumento de aproximadamente 42,6 milhões de novos clientes.
As contratações anunciadas nesta semana pela direção do banco, após pressão das entidades representativas dos trabalhadores, são insuficientes para suprir o déficit de pessoal. A Caixa chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014.
A empresa anunciou a contratação de 7,7 mil trabalhadores para o banco. Destes, segundo o anúncio do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, serão 2.766 empregados – já incluídas as 566 contratações em andamento, 1.162 estagiários, 2.320 vigilantes e 1.456 recepcionistas. Ou seja, até o final do ano existe compromisso do banco de contratar 2.113 novos trabalhadores.
Segundo Fabiana Uehara, os números reforçam que os empregados da Caixa são compromissados com seu trabalho e também com a população. “Mas esse lucro foi feito em cima de muito adoecimento dos colegas e o que nós precisamos é que a Caixa valorize seus trabalhadores e isso passa por dar efetivas condições de trabalho e de segurança, que os sistemas funcionem, e que nesse momento de pandemia tão difícil pra todos que as metas de produtos não sejam o foco e sim o melhor atendimento para a população. Os empregados estão estafados”, complementou a coordenadora da CEE.
Resultados – A Carteira de Crédito Ampliada da Caixa teve alta de 13,5% em relação a 2019, totalizando R$ 787,4 bilhões. As operações com pessoas físicas cresceram 10,5%, totalizando R$ 90,4 bilhões. No segmento de pessoas jurídicas, o crescimento foi de 83,7%, totalizando R$ 70,9 bilhões. Esse aumento deve-se principalmente as linhas para micro e pequenas empresas, com destaque para evolução de R$ 15,6 bilhões no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
A carteira imobiliária é a mais representativa na composição do crédito total, com 64,8% de participação e saldo de R$ 510,7 bilhões. O crédito imobiliário cresceu 9,8% em 2020. Desse saldo, R$ 317,7 bilhões foram concedidos com recursos FGTS, aumento de 10,0% em 12 meses, e R$ 193,0 bilhões em recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), aumento de 9,4% em relação a dezembro de 2019. As contratações com recursos SBPE totalizaram R$ 53,7 bilhões em 2020, crescimento de 99,5% em relação ao ano anterior.
As operações de saneamento e infraestrutura cresceram 7,7%, em doze meses, totalizando R$ 90,5 bilhões. O crédito rural cresceu 43,0%, totalizando R$ 7,7 bilhões em 2020.
As receitas de prestação de serviços e com tarifas bancárias caíram 12,97% em doze meses, totalizando R$ 23,5 bilhões. A retração é explicada principalmente pelas reduções de 21,2% em serviços de governo, de 8,9% em conta corrente, de 15,2% em convênios e cobrança e de 13,7% em fundos de investimento.
A Caixa segue liderando o segmento poupança, com 37,6% de participação. Apresentou saldo de R$ 389,8 bilhões em dezembro de 2020, avanço de 21,4% em 12 meses. O crescimento, de R$ 68,6 bilhões, em 12 meses, reflete principalmente o impacto dos recursos creditados em razão do Auxílio Emergencial e do Saque Emergencial do FGTS. A base de contas poupança no final do ano de 2020 totalizou 196,7 milhões.