“Primeiro a gente desmoraliza, depois a gente entrega”. Esta lógica de pensamento poderia ser atribuída a um grupo de poder formado por banqueiros, certos empresários e famílias que controlam a mídia no país ao tratar das empresas públicas brasileiras.

As poucas famílias que controlam os meios de comunicação são porta-vozes de setores específicos e, ainda, representam seus próprios interesses. As manchetes não são gratuitas, há interesses na manipulação das informações ao povo.

Esta concentração do poder de veículos de imprensa no Brasil tem sido debatida por alguns setores e a abordagem está no monitoramento da propriedade da mídia no Brasil, produzido por Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e Repórteres Sem Fronteira (RSF), que destacam: “Os proprietários dos meios de comunicação possuem vasto território nas ondas das TVs e das rádios, combinando interesses econômicos e políticos com o controle rigoroso da opinião pública”.

Como exemplo: a família Marinho e suas propriedades e empresas ligadas ao agronegócio, ao setor imobiliário, ao setor de finanças e vendas. O grupo Folha/Uol e a família Frias, com empresas de Educação a Distância e de pagamentos online (pagseguro). O grupo Record com 49% das ações do banco da Renner. E o Silvio Santos, dono da Tele Sena e do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).

E o que mais estas famílias têm em comum?

Defendem a privatização, a flexibilização das Leis trabalhistas se culpam a Previdência Pública pelos problemas do país, entre tantos outros retrocessos… E, quanto a existência das empresas públicas, são contra todas. São contra por princípios e por defenderem interesses dos demais grupos.

E o que tudo isso tem a ver com a Caixa?

Se a mídia vive situação de monopólio e tem interesses que vão além da capacidade de informar, quais as notícias que chegam até nós?

Nos últimos tempos, a Caixa vem estrelando as manchetes dos principais jornais do país e por que isso está acontecendo? Será que é porque a Caixa tem mais de 80 milhões de correntistas e carteira de crédito de R$ 715,9 bilhões, em junho, com participação no mercado de 22,8%?

E, tem mais, o banco público é líder no mercado imobiliário com 68,1% de participação. Operacionaliza o FGTS, com R$ 62,1 bilhões e o monopólio das loterias, com arrecadação de R$ 6,2 bilhões, ambos no primeiro semestre de 2017.

Estes são os números que interessam às instituições financeiras quanto à privatização da Caixa, que não tem nada a ver com seu papel social.

Desenvolvimento do país – “A lógica é tirar um banco que financia o desenvolvimento do país e colocar outro que financia o ganho de seus controladores”, esclarece o diretor da APCEF/SP, Edvaldo Rodrigues.

Hoje são cinco bancos que controlam mais de 80% das operações de crédito no país, sendo dois estatais.

A única forma dos privados crescerem no mercado é abocanhando os estatais. Este é o caminho.

A mídia cumpre o seu papel em proteger os seus interesses e lança manchetes como “Caixa terá de alocar capital para novos empréstimos, diz Meirelles” e “Socorro à Caixa pode chegar a R$ 100 bilhões”.

“O mesmo grupo de poder que derrubou Getúlio Vargas, atacou Juscelino Kubistchek, promoveu o Golpe de 64, instigou a derrubada de um governo eleito em 2015 e inviabilizou negócios da estatal brasileira Petrobras na ordem de bilhões de reais, está repetindo a fórmula com a Caixa, sem se preocupar com riscos, ou seja, é uma grande irresponsabilidade com o povo brasileiro”, critica o diretor da APCEF/SP.

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