A Caixa Econômica Federal apresentou lucro líquido recorrente de R$ 3,05 bilhões no primeiro trimestre de 2020, o que representa um aumento de 21,2% na comparação com os últimos três meses de 2019, quando o lucro ficou em R$ 2,51 bilhões. Em comparação ao 1ºT19, houve uma queda de 22%, conforme números divulgados nesta quinta-feira (21). De acordo com relatório do banco, essa diminuição se deu, principalmente, por conta do encolhimento da margem financeira em aproximadamente 13,9%, que foi compensada pela redução de 1,3% com despesa de pessoal e 2,4% com outras despesas administrativas.
Em 12 meses, o banco fechou 713 postos de trabalho (apesar do acréscimo de 47 postos na comparação com o último trimestre de 2019), três agências, 29 postos de atendimento, 44 lotéricas e 75 correspondentes Caixa Aqui. Em contrapartida, registrou o incremento de 4,1 milhões clientes.
“Nos últimos anos, os planos de demissão voluntária tiraram cerca de 20 mil empregados da Caixa. E não houve reposição. A sobrecarga de trabalho decorrente da falta de pessoal é um problema que as entidades representativas têm denunciado permanentemente e cobrado do banco a contratação de mais empregados. Mas, o problema persiste e o que vemos é o aumento do adoecimento da categoria e a precarização do atendimento à população”, alerta o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto.
Para o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Dionísio Reis, as contratações mais recentes visaram o cumprimento da Lei de Cotas, uma reivindicação histórica do movimento sindical. “A pandemia do coronavírus mostrou que é essencial a contratação de mais trabalhadores para a Caixa, para que não haja sobrecarga, aumento da jornada de trabalho e necessidade de abertura das agências aos sábados”, acrescentou o dirigente.
Encolhimento do banco – Para a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, o balanço do primeiro trimestre ainda não reflete os efeitos da crise econômica causada pelo coronavírus. “Vem na mesma linha dos anteriores, impacto na diminuição de despesas com pessoal e diminuição das operações de crédito. Já aparece a perda de receitas com as operações do FGTS, em consequência da mudança aprovada pelo Congresso Nacional, de diminuir de 1% para 0,5% a taxa de administração recebida pela Caixa para gerenciar o Fundo. Até o final do ano, as perdas poderão chegar a R$ 2,5 bilhões. Importante lembrar que o lucro de 2019, em boa parte foi resultado de venda de ativos, fato que não deverá se repetir em 2020”, avalia a conselheira eleita.
A carteira comercial do banco caiu 5,1%, para R$ 121,3 bilhões, impactada pela redução de 17,1% nos empréstimos para pessoas jurídicas, para R$ 38,7 bilhões.
“Nossa expectativa é que o governo dê condições para que a Caixa exerça seu papel de banco público e social, fomentando o desenvolvimento econômico e social do país. Mesmo com as linhas de crédito já anunciadas até agora, segmentos como as pequenas e medias empresas estão enfrentando dificuldades para obter o crédito que precisam”, destaca o presidente da Fenae.
A carteira de crédito ampla da Caixa totalizou um saldo de R$699,6 bilhões em março de 2020, o que representa um ligeiro acréscimo em relação ao trimestre anterior e 2,0% em relação ao primeiro trimestre de 2019, influenciado pela evolução de 5,2% em habitação, 1,2% em saneamento e infraestrutura e 1,8% em crédito comercial PF.
Loterias – As Loterias Caixa arrecadaram R$ 4 bilhões no 1º trimestre, crescimento de 22,4% em relação ao apurado no ano anterior. Cerca de R$ 1,5 bilhão foram transferidos aos programas sociais do governo federal nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde, correspondendo a um repasse de 37,2% do total arrecadado.