A Fundação dos Economiários Federais (Funcef) divulgou os resultados financeiros referentes ao primeiro semestre de 2024. Até junho, o déficit acumulado nos planos da Funcef alcança R$ 8,2 bilhões. Após ajustes de precificação – que avaliam o valor presente dos títulos públicos que serão mantidos até o vencimento com base nas taxas de juros contratadas, ajudando a preservar a solvência dos planos – o déficit consolidado é de R$ 2,4 bilhões, considerando todos os planos. A rentabilidade acumulada no período foi de 2,89%, inferior à meta atuarial de 4,96%.
O plano REG/Replan Saldado representa a maior parte do déficit, com um saldo negativo de R$ 7,7 bilhões. No entanto, após ajuste de precificação, o déficit deste plano até junho é de R$ 3,1 bilhões, enquanto o limite de solvência está em R$ 5,2 bilhões.
Novo Plano BD (5,77%) e REB BD (5,44%) superaram a meta atuarial. Em contraste, o REG/Replan Não Saldado (2,94%), REG/Replan Saldado (2,93%), Novo Plano CD (2,55%) e REB CD (1,38%) apresentaram desempenhos abaixo do esperado.
Sergio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), expressou preocupação com a situação, ressaltando que, apesar de o déficit ainda estar dentro do limite de solvência, a proximidade desse limite acende um alerta. “A proximidade com o limite de solvência é preocupante e pode indicar a necessidade de um novo equacionamento. A Funcef deve adotar medidas preventivas urgentemente e a responsabilidade da Caixa pelo contencioso trabalhista precisa estar entre essas medidas”, afirmou Takemoto.
Na rentabilidade acumulada por segmento, Investimentos no Exterior (20,64%), Operações com Participantes (7%) e outros investimentos (5,42%) superaram a meta atuarial. Renda Fixa e Investimentos Imobiliários obtiveram rentabilidade de 4,75% e 1,81%, respectivamente. Renda Variável (-7,92%) e Investimentos Estruturados (-2,86%) apresentaram perdas no período.
Leonardo Quadros, diretor de Saúde e Previdência da Fenae, também demonstrou preocupação. “Estamos acompanhando atentamente a evolução dos resultados da Funcef. A Fundação tem, cada vez mais, reduzido seus investimentos em renda variável e aumentando em renda fixa, adquirindo títulos públicos que marcou para manter até o vencimento, e com taxa média acima da meta atuarial. Assim, no cálculo do Equilíbrio Técnico Ajustado, o resultado permanece abaixo da margem de solvência. Porém, nos preocupa muito o crescimento do contencioso, que tem feito as provisões crescerem acima da meta, o que nos causa muita preocupação”, disse.
Até junho, o contencioso somava R$ 2,6 bilhões, sendo R$ 1,8 bilhão referente a contencioso trabalhista, cuja responsabilidade é da patrocinadora, mas os custos são repassados aos participantes.
Jair Pedro Ferreira, diretor de Benefícios da Fundação eleito pelos participantes, informou que a Funcef tem se esforçado para garantir a rentabilidade dos planos. Ele explica que a maturidade dos planos influencia as alocações dos investimentos. “Por isso é importante garantir a segurança do REG/Replan Saldado, que já está mais avançado, aumentando os investimentos em renda fixa para assegurar o pagamento dos benefícios. Ao mesmo tempo, para os planos que ainda estão em fase de acumulação, a Funcef busca diversificar a carteira, equilibrando segurança e rentabilidade”, disse.