Criatividade, inovação, integração e conexão social. Estes são alguns dos bons frutos de desenvolvimento sustentável e bem-estar para crianças e adolescentes da periferia do Recife acolhidos pelo projeto Horta Comunitária Orgânica da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal de Pernambuco (Apcef/PE), em parceria com a Fenae e a Moradia e Cidadania. A ação conta com a ajuda direta da Faculdade Frassinetti (Fafire) e da Fundação Centro de Educação e Comunicação Social do Nordeste (Cecosne) e está sendo executada em núcleos familiares residentes em assentamentos das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) da capital pernambucana, tendo como referência as diretrizes estabelecidas no primeiro edital e alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. As famílias atendidas possuem, em média, renda menor que um salário-mínimo.
Com o objetivo de proporcionar a melhoria da segurança alimentar e nutricional, o Horta Comunitária Orgânica é um projeto desenvolvido em espaços de áreas comunitárias, propícios para a implantação de hortas e pomares, reunindo professores, monitores, representantes dos parceiros e alunos para a troca de novos conhecimentos e para qualificar as refeições, com alimentos saudáveis. Apesar de recente, a iniciativa fincou raízes na periferia do Recife e tem tudo para continuar crescendo e gerando resultados promissores, naquilo que se apresenta na condição de aprendizado com plantio e cultivo, com base em educação ambiental, nutrição e trabalho coletivo.
Muito além das orientações teóricas, o projeto da Apcef/PE em parceria com a Coordenação Estadual da Moradia e Cidadania em Pernambuco já tem muito para mostrar. As crianças e adolescentes das Zeis tiveram a chance de botar as mãos na terra e aprenderam a ter cuidado com a sementeira e todo o processo de produção, até a colheita de hortaliças orgânicas para o preparo de alimentos cultivados, cuja oferta visa melhorar a qualidade de vida de grupos em situação de insegurança alimentar.
A depender da situação encontrada, o trabalho é desenvolvido através de grupos operativos, rodas de diálogo, oficinas, dentre outras práticas interativas. Busca-se também atender aos equipamentos de saúde e assistência, conselheiros tutelares e agentes comunitários, que se apresentam no território das Zeis, com destaque para as comunidades Sítio do Berardo, Sítio do Cardoso e Mangueira da Torre.
Uma das alternativas interessantes do projeto Horta Comunitária Orgânica é a criação de viveiros, lavouras e pomares comunitários. Na capital pernambucana, como muitas comunidades de baixa renda carecem de uma alimentação saudável, cujo acesso passa a ser propiciado por hortas orgânicas, a ação da Apcef/PE e da Moradia e Cidadania contribui para a composição de um quadro de segurança alimentar em favor de famílias em situação de risco ou de vulnerabilidade.
O modelo desse projeto prevê o cultivo de uma horta orgânica, traduzida em uma forma natural de produzir hortaliças e plantas medicinais baseadas em práticas culturais adequadas, sem uso de agrotóxicos, adubos químicos, sementes transgênicas, antibióticos e outros produtos prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente. “É agroecologia, pois o cultivo no sistema orgânico significa fazer as pazes com a natureza, protegendo recursos naturais como solo, água, flora e fauna e as futuras gerações, restaurando a biodiversidade e preservando a diversidade biológica, que é a base de uma sociedade equilibrada, consciente e estável”, explica Sergio Takemoto, presidente da Fenae.
Takemoto considera transformadora a possibilidade de proporcionar novas experiências e mudar a vida das pessoas, com um olhar mais solidário e coletivo. E declara: “Os projetos da Fenae, em parceria com as Apcefs e a Moradia e Cidadania, buscam reafirmar a dignidade cidadã, com vistas à construção de uma sociedade mais participativa e inclusiva, com mais igualdade e mais justiça social”.
O projeto Horta Comunitária Orgânica envolve 50 beneficiários diretos e 200, indiretos. “A iniciativa em Pernambuco nos enche de orgulho e nos faz acreditar ainda mais na capacidade que nossas entidades representativas têm em promover o desenvolvimento de pessoas e comunidades, de maneira paralela e integrada, além de plural e multidisciplinar”, avalia Jerry Fiusa, do Comitê Gestor da parceria. Ele esclarece ainda que outro objetivo é melhorar a qualidade de vida do público atendido, por meio da ocupação do tempo ocioso, da melhoria da convivência social, da saúde e da autoestima, com foco na segurança alimentar e nutricional.