Comunidades com altos índices de hepatite e verminoses, em decorrência do consumo de água imprópria, terão suas realidades modificadas pelos projetos inaugurados pelo Movimento Solidário, neste sábado (14). No município de Belágua (MA), as comunidades Riachinho, Deserto II, Preazinho e Vertente receberam poços artesianos. Já o povoado Pau Alto conta, a partir de agora, com um tanque de piscicultura. Além disso, um telecentro com 15 computadores doados pela Fenae também foi inaugurado em Belágua para o atendimento dos alunos da rede municipal de ensino e de toda comunidade.

O programa de responsabilidade social da Fenae, Apcefs, Instituto Fenae e Wiz tem transformado a dura realidade dos moradores de Belágua, há quatro anos. De acordo com o diretor do Instituto Fenae, David Borges, as entregas deste sábado serão somadas aos 39 projetos implementados em 23 comunidades, contemplando 1700 pessoas.

“Isso é só o começo: água saudável para dar continuidade à horticultura, criação de galinhas e para o consumo”, destacou o David Borges, durante a inauguração do poço artesiano de Riachinho.

Para o diretor, mudar a realidade de extrema pobreza do município só foi possível graças a parcerias estabelecidas e a construção de um trabalho coletivo com a participação ativa das comunidades na manutenção de projetos como piscicultura, horticultura, e produção de mel de abelhas nativas.

O governo do Estado do Maranhão, parceiro do Movimento, foi representado pelo secretário de Agricultura Familiar, Júlio César Mendonça, que acompanhou as primeiras entregas. Aproveitando a pressão do poço artesiano inaugurado em Riachinho, o secretário anunciou que a comunidade receberá do governo do estado dois kits irrigação.

“Nesta ação contundente, forte e afirmativa da Fenae, Apcefs e empregados da Caixa, estamos somando esforços. Assumimos o compromisso da entrega dos kits irrigação para a comunidade. É nesse sentido, com ações complementares, que a gente consegue combater a pobreza no nosso estado”, afirmou o secretário.

Segundo Júlio César Mendonça, a ideia é que a comunidade seja inserida no Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, com o apoio da assistência técnica da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (Agerp).

O presidente da Apcef MG, Paulo Roberto Damasceno, destacou a importância das ações do Movimento. “A água é um bem tão precioso que quando chegamos com essa missão, sabemos que a iniciativa só é possível porque reúne parceiros que abraçaram o programa. A implementação dos poços é uma ação estruturante e representa o início de um trabalho destinado a prover outros benefícios, como alimentação de qualidade, por exemplo”, pontou.

A coordenadora de responsabilidade sócio empresarial da Wiz, Fernanda Sperling, presenciou resultados. “Fazer essa visita e ver tudo que temos construído com esse projeto é motivo de muito orgulho, alegria e gratidão fazer parte da história de transformação nessas comunidades”, avaliou.

Mesmo acompanhando as ações desde o início nas comunidades, a presidenta da Apcef MA, Nizete Queiroz, não deixa de surpreender com o poder da cooperação. “A solidariedade dos empregados da Caixa e dos parceiros que contribuem com esse projeto é um gesto muito nobre. A gratidão que vemos no olhar de cada pessoa não tem preço que pague”, ressaltou.

Vivência que faz a diferença

A convite da Fenae, as empregadas da Caixa e doadoras assíduas do Movimento Solidário, Mácia Lima e Cássia Pereira, acompanharam as seis inaugurações e conheceram os demais projetos responsáveis pela mudança na realidade dos moradores de Belágua.

Em Riachinho, primeira comunidade visitada, Mácia Lima não conteve as lágrimas. Empregada da Caixa há 14 anos, a bancária identificou-se com as dificuldades dos moradores. “Queria vivenciar de perto as necessidades das pessoas nas comunidades e o resultado das doações na vida de cada um. Sou de uma família grande de 14 filhos e também já trabalhei em roça, me reconheço nas dificuldades de vocês. Vou voltar para casa com o coração muito leve e tranquilo”, disse emocionada.

Já Cássia Pereira destacou a importância de cada doação dos empregados Caixa. “Pude confirmar a seriedade do trabalho desenvolvido. É um projeto com começo, meio e fim e isso me encantou.  É importante que outros colegas sejam doadores. A contribuição de cada um, quando se junta a outras gera esse projeto enorme” enfatizou

A proposta do Movimento Solidário é trabalhar coletivamente, principalmente com associativismo, cooperativismo e economia solidária. Um dos objetivos do programa é que as comunidades tenham instrumentos mínimos para produzir o alimento para subsistência e comercialização do excedente, gerando renda suficiente ao sustento familiar.

“Hoje quase 70% dos nossos projetos são voltados para a agricultura familiar. Inaugurar mais cinco projetos sustentáveis é poder mostrar a evolução das ações e o engajamento de todas as comunidades”, frisou a coordenadora do Movimento Solidário e a analista de Responsabilidade Social do Instituto Fenae, Denise Alencar.

Para o presidente da Apcef RS, Marcello Carrión, o segredo do sucesso do Movimento Solidário está na troca. “Temos um trabalho de militância e o foco é transformar a sociedade. E esses projetos transformam as vidas. Não são apenas os moradores que são beneficiados, nós também aprendemos porque são eles que levam os projetos adiante”, concluiu.

A esperança está na água

Água de qualidade é vida. Essas foram as palavras usadas pela líder comunitária, Solange Rodrigues, que fez um relato sobre as vítimas de doenças pelo consumo de água contaminada, no povoado de Riachinho.

“A nossa dificuldade com água é antiga. Há anos a comunidade adoece. Aqui vivemos da lavoura. Com esse poço artesiano vai ter água limpa para cozinhar e fazer a minha farinha com qualidade. Agradecemos à Fenae, que não prometeu, mas fez”, disse a moradora da comunidade Riachinho.

Rosineide Dutra, da comunidade Deserto II, também já perdeu parentes. “A água do nosso rio não presta nem para tomar banho. A minha avó foi uma dessas vítimas. Estou feliz porque meu filho que tem um ano, não vai ter os mesmos problemas que minha avó teve”.

Para o morador de Pau Alto, comunidade onde foi inaugurado o tanque de piscicultura, José Gonçalves, 46 anos, os projetos são uma forma de mostrar que os moradores reconhecidos pela sociedade.

“O que esse projeto traz para a gente é a nossa alimentação digna. É também a forma para a gente adquirir condições financeiras, qualidade e renda à nossa comunidade e a nossos filhos”, afirmou.

O prefeito da Belágua, Herlon Costa, reforçou que as ações do Movimento Solidário são de fomento à agricultura familiar no município. “Quando assumi a prefeitura em 2017 o trabalho da Fenae já existia e nós estamos ajudando da forma que podemos. Temos uma demanda reprimida muito grande. Estas ações da Fenae são benefícios de suma importância para nosso município”.

Para doar o empregado pode acessar o site do Movimento Solidário.

 

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