Desde o dia 7 de julho de 2015, quando o município maranhense de Belágua foi acolhido para receber as ações do Movimento Solidário (MS), moradores de suas mais remotas comunidades passaram a exibir feições mais esperançosas.
Nesses cinco anos de atividades ininterruptas do programa social dos empregados Caixa, 27 comunidades rurais acompanharam, dia a dia, cada ação dos 41 projetos de economia solidária ali implantados. Vivenciaram também a instalação do telecentro na sede do município. O investimento total no período de cinco anos ultrapassou R$ 616 mil.
Neste mês comemorativo do Movimento Solidário em Belágua, a Fenae (Federação dos Empregados da Caixa) e o Instituto Fenae Transforma vão divulgar os principais impactos verificados nas comunidades atendidas e na vida dos idosos, crianças e adultos que ali vivem. Nesta segunda de uma série de cinco matérias que serão realizadas em julho, vamos apresentar as principais ações do projeto e resultados alcançados no município maranhense no ano 2016.
Das atuações constantes in loco da equipe do Movimento Solidário nas comunidades, não só laços se fizeram entre as famílias. Foram a alavanca para que a força do trabalho de homens e mulheres colocassem de pé os projetos de economia solidária, a partir de 2016. Dez projetos foram implantados: cinco de piscicultura, um de avicultura, uma casa de farinha, duas de horticultura e um de codorna.
Os mais vulneráveis, como as crianças e os idosos, passaram de um tempo em que quase nada tinham para comer, para um tempo em que produziam o alimento na própria região. “Foi gratificante ver que em menos de um ano conseguimos mudar muito na vida dessas famílias. Graças à solidariedade dos empregados da Caixa nas doações e ao empenho e entusiasmo das pessoas beneficiadas”, lembra Denise Viana, analista de responsabilidade social da Fenae que acompanha toda a implantação do projeto.
A moradora da comunidade Santa Maria, Severina de 33 anos, em depoimento feito antes da pandemia do novo coronavírus, destacou a importância do novo alimento que chegava à mesa das famílias: “um tanque de peixe para a gente ter o que misturar na farinha. Foi como se alguém lá de cima tivesse ouvido minhas preces”, disse.
Prefeito fez parte da rede de apoio
O grande diferencial do Movimento Solidário sempre foi contar com uma forte rede solidária de apoiadores. Envolve os empregados da Caixa que fazem doações pela plataforma Mundo Caixa, representantes das Apcefs (Associações do Pessoal da Caixa), empresas parceiras, voluntários da sociedade civil como líderes comunitários, representantes de secretarias municipais e do Estado do Maranhão, além da Prefeitura Municipal de Belágua, sem a qual atuar na região seria mais difícil.
Prefeito de Belágua até o ano 2016, Adalberto Rodrigues, que faleceu no dia 12 de julho deste ano, fortaleceu a rede de apoio do MS desde o início do projeto na região. Na ocasião do lançamento do programa, em Brasília, Adalberto reforçou o apoio com entusiasmo: “(A ação) significa uma grande esperança para podermos resgatar a dignidade do nosso povo. Estamos maravilhados com o Movimento Solidário e com o lado humano da equipe. Nunca mais esqueceremos essa mão amiga, que vai marcar a vida dos belaguenses”.
De voluntária nas ações do MS a posterior consultora da Fenae, Maria de Fátima, que hoje é responsável pelo acompanhamento do projeto em Belágua, lembra a contribuição do ex-prefeito ao bom andamento das ações: “Adalberto abraçou a causa e chorou quando viu os resultados. Quando ele viu aquele açude cheio peixe e tanta gente em volta pescando, o vi chorando de emoção porque resultados de esforços estavam acontecendo”, disse.
Maria de Fátima conta sobre o valor da solidariedade. “Ele (Adalberto) conhecia a região a fundo e não media esforços para ajudar as pessoas. Quando era muito difícil passar carro naquele monte de areia, ele deu suporte à equipe da Fenae, emprestando da máquina ao operador do trator”, lembra.
Adalberto exerceu o mandato de prefeito de Belágua por duas vezes. Eleito em 2008 e reeleito em 2012, ele ficou no comando municipal até 2016. “Ele deu muito apoio. Lembro que disponibilizou enfermeiros e médicos para acompanhar as equipes da Fenae em comunidades onde tinha muita mortalidade materna, grávidas anêmicas, crianças com deficiências e outros problemas de saúde. Uma forma de demonstrar que acreditava no que estava por chegar pelo MS”, diz Maria de Fátima.
Doações que fazem a diferença
Melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em Belágua, que já foi o pior no país, foi uma conquista de várias ações e setores. Em cinco anos, mudar o quadro de desnutrição infantil e de falta de água potável entre os cerca de 7.191 habitantes do município precisou da ajuda de muitas mãos, entre anônimos e apoio do poder público. Os empregados Caixa são fundamentais nessas doações.
“Quando conheci aquela realidade de perto, em 2018, vendo uma quantidade imensa de crianças e de idosos no meio do nada, entendi que um clique para fazer a doação, por menor que seja, faz muita diferença na vida de quem vive em situação de pobreza”, diz o empregado da Caixa fluminense, Ricardo Dornas Marins, que atua na região Norte, Pará.
“Embora seja um choque ver aquelas pessoas com realidade tão diferente e tão difícil, é também gratificante observar que a ajuda faz a diferença quando eles conseguem produzir para o próprio sustento. Faço com o coração, me sinto muito grato e acho que esse programa é um exemplo a ser conhecido por todos, principalmente os colegas da Caixa”, diz Marins.
Ano de 2016 – Projetos implantados; comunidades beneficiadas; pessoas beneficiadas e impactadas e investimento executado pelo MS em Belágua.
• Dez projetos de economia solidária implantados, sendo cinco de piscicultura, um de avicultura, uma casa de farinha, duas de horticultura e um de codorna.
• Comunidades rurais de Belágua (MA): Santa Maria, Jabuti, Mocambo 1 e 2 , Pilões, Lagoas, Olho D’água, Bom Princípio, Mendes e Galegas.
• Beneficiadas: 183 famílias e 726 pessoas impactadas
• Investimento de R$ 133 mil.