Por Fábio Jammal Makhoul – CNB/CUT
Terminou em impasse mais uma vez a audiência de conciliação realizada no dia 13 de outubro no Tribunal Superior do Trabalho (TST) com representantes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Sem acordo, a greve nacional dos bancários prossegue nas 24 capitais e deve ir a julgamento na semana que vem, provavelmente na próxima sessão do TST, que deve ocorrer na quinta-feira, dia 21. A Executiva Nacional dos Bancários, no entanto, ainda tenta uma saída negociada da greve. O presidente do TST, ministro Vantuil Abdala, propôs para os dois principais bancos públicos a manutenção do reajuste de 8,5%, mais R$ 30 para quem ganha até R$ 1.500, com o adicional de um abono de R$ 1 mil e o pagamento dos dias parados. “Foi a proposta que sonhei esta noite” – disse o presidente do TST à Imprensa. O Banco do Brasil, no entanto, manteve a proposta inicial e negou o abono. Apenas acenou que pode negociar o pagamento dos dias parados. “Estamos num impasse. A Contec ajuizou o pedido de dissídio, mas não tem poder de representação junto aos bancários. Ainda assim, o Banco do Brasil continua irredutível e nem a proposta rebaixada da Contec o banco aceitou” – disse o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e responsável pelas negociações, Marcel Barros. Já a Caixa, além de não aceitar nenhum benefício adicional, ainda afirmou que vai pedir a abusividade da greve. Marcel reclamou da Confederação oficial, que mesmo sem qualquer representatividade rebaixou a proposta dos bancários para 9,5% de reajuste e mais um abono de R$ 1 mil. “Quem tem autonomia para refazer a proposta é a Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT), que representa mais de 90% dos bancários e faz assembléias diárias com milhares de trabalhadores para avaliar a Campanha. A Contec não tem representatividade para isto”- destacou. Já Plínio Pavão, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, disse que a forma de agir da Contec é velha conhecida do movimento sindical cutista. “Nós não esperávamos outra coisa, pois ela sempre quis ser a porta-voz dos bancários, mesmo não representando nem 10% da categoria. O que nos causou estranheza mesmo foram setores, que se dizem combativos, alinharam-se, hoje, com a Confederação oficial para pedir o julgamento de dissídio”- comentou. De acordo com Marcel, o Sindicato dos Bancários de Bauru, por exemplo, pediu para assinar o pedido de ajuizamento de dissídio juntamente com a Contec. “Não dá para conceber que setores do movimento sindical aliem-se à velha e retrógrada Confederação criada pelo governo Vargas para esvaziar os sindicatos”- lamentou. O dissídio, agora, será julgado até quinta-feira, dia 21, em sessão ordinária do TST. O relator do caso será o ministro Antonio Barros Levenhagen. “Infelizmente a nossa Campanha Salarial está caminhando para o dissídio, o que não será nada fácil para os trabalhadores. Os bancários do Banco do Brasil ainda sentem as conseqüências do julgamento do dissídio de 1997, que permitiu à direção do banco reduzir o interstício entre as referências, de 12% para 3%, e do dissídio de 1999, que permitiu ao banco retirar o anuênio. Mas vamos continuar a nossa luta na tentativa de reabrir as negociações e evitar assim a intervenção da Justiça”- finalizou Marcel. Os bancários da Caixa também sofreram com o dissídio na greve de 1991, quando Justiça não concedeu nenhum das reivindicações e determinou a suspensão do movimento. Como a greve era muito forte, o movimento continuou e a direção da Caixa demitiu 110 empregados, cuja reintegração só se deu após um ano após muita luta.