Os sistemas operacionais da Caixa são alvos de muitas reclamações de empregados em todo o Estado, seja durante as visitas feitas pela APCEF/SP às unidades seja por meio de denúncias à entidade.
Nos mais diversos setores do banco, a lentidão ou a inoperância dos sistemas acarretam descontentamento em clientes – que passam horas esperando para completar suas operações – e em empregados – que ficam impedidos de realizar seu trabalho.
A APCEF/SP fez um levantamento dos principais problemas de alguns dos sistemas mais utilizados no dia-a-dia da Caixa e de suas conseqüências. Acompanhe:
• Penhor
O Sistema de Penhor (Sipen), que cuida dos trâmites dos contratos de penhor e que é unificado em todo o País, apresenta constantes problemas.
Na maioria do tempo, fica inoperante, lento, travado… isso quando não pára por completo durante o dia todo.
As conseqüências atingem os clientes – que têm de esperar o tempo necessário para que o sistema volte a funcionar ou até mesmo retornar em um outro dia – e os trabalhadores – que têm de lidar com a insatisfação da população que procura o serviço e vêem seu trabalho parado.
“O problema acaba gerando um desgaste e uma irritação muito grande nos empregados. Têm dias que, por causa das constantes falhas no sistema, tem-se de digitar 10, 15 vezes o mesmo contrato até que seja aceito” – comentou um empregado do penhor.
Como o Sipen é vinculado ao Sistema de Cadastro da Caixa (Sicli), o trabalho no penhor também fica prejudicado quando esse último está inoperante.
• Siric/Siapi
Tanto o Sistema de Avaliação de Risco de Crédito (Siric) quanto o Sistema de Aplicação (Siapi) são essenciais na contratação de empréstimo nas agências.
De acordo com relatos de empregados, os dois sistemas apresentam lentidão e, por vezes, ficam fora do ar, prejudicando o atendimento ao cliente e o andamento dos trabalhos internos.
O maior problema para os empregados é o Siapi. Responsável pelo gerenciamento de empréstimos, o sistema é antiquado para a demanda das unidades. “O Siapi merece uma reformulação, pois é pesado, de difícil integração. Existem trabalhos em andamento para substituição por outro sistema, porém, sem data prevista para implantação” – comentou um empregado.
Quanto ao Siric, de acordo com os empregados, embora ainda apresente problemas de lentidão, tem sido freqüentemente atualizado pela área de tecnologia da Caixa, o que melhora seu funcionamento gradativamente.
• Conectividade Social
O Conectividade Social, implantado no fim de 2005, é o sistema da Caixa responsável pela transmissão on-line, pelas empresas, das informações do FGTS e serve para liberar o fundo de garantia para os trabalhadores.
O que seria um facilitador para as empresas não tem apresentado resultados e, para completar, complica, e muito, a vida dos empregados nas unidades da Caixa.
As dificuldades começam no passo inicial do relacionamento das empresas com a Caixa, que depende do sistema para processar a certificação da empresa no Conectividade Social.
As empresas não têm conseguido passar as informações pela internet, pois o sistema fica inoperante a maior parte do tempo e o serviço 0800, disponibilizado pela Caixa, ou não atende ou não resolve o problema.
A única “solução” passa a ser, então, o contato direto entre a empresa e a agência para a homologação, o que sobrecarrega o trabalho nas unidades, já que a Lotação Necessária de Pessoal (LNP) está muito aquém do ideal para suprir a demanda.
“O Conectividade Social foi criado para facilitar o trabalho de atendimento do FGTS nas unidades, uma vez que as empresas passariam a enviar as informações, antes passadas diretamente nas agências, pela internet. Como o sistema não funciona, o acúmulo de trabalho é inevitável e o atendimento, prejudicado, já que não há caixas suficientes nos guichês” – comentou um empregado.
• SIMCC/SIMCN
No fim do ano passado, a diretoria da APCEF/SP enviou um ofício ao vice-presidente de Controladoria da Caixa, João Aldemir Dornelles, alertando para os graves problemas detectados nos sistemas da área contábil do banco, por causa das constantes denúncias recebidas pela Associação em relação ao assunto.
No documento, a diretoria da Associação explicava que, desde janeiro de 2003 – quando o Sistema de Monitoração e Controle Contábil (SIMCC) foi substituído -, os acertos e as conciliações da área contábil não estavam sendo controlados adequadamente, por não existir um sistema que efetivamente funcionasse.
Em substituição ao SIMCC, foi implantado o SIMCN que apresentou diversos problemas e também não funcionou. A partir disso, as áreas passaram a trabalhar com planilhas manuais e sistemas caseiros paralelos conhecidos como “macros”.
Por causa das milhões de conciliações feitas na área contábil nesse período, a situação exposta pelos empregados preocupa. E muito. Os funcionários receiam que, ao ser reimplantado o sistema, sejam responsabilizados por possíveis erros.
“Não há como trabalhar seguramente sem ferramentas adequadas” – desabafou um empregado.
“É inconcebível que a Caixa, um dos maiores bancos do País, possua sistemas vistos como problemáticos e frágeis, causando insegurança nos trabalhadores que os manipulam, ainda mais em uma área vital do banco, como a contabilidade” – afirma um trecho do documento.
• Siaga
O Sistema de Gerenciamento de Atendimento (Siaga) é o responsável pelo agendamento de atendimento dos clientes nas unidades, seja por telefone ou pessoalmente.
De acordo com informações de empregados, o sistema apresenta problemas freqüentes, principalmente em horários de maior movimento nas agências – entre 11 e 13 horas.
A ocorrência mais comum é a de clientes que agendam um horário e, quando chegam à unidade, não têm seu nome no sistema. “Daí, temos de administrar a irritação, com razão, do cliente e, ainda, encaixá-lo para o atendimento no horário marcado. Isso acaba por prejudicar todo o restante do agendamento previsto para o dia” – contou um empregado.
• Encaminhamento
A APCEF/SP encaminhará os problemas levantados sobre os sistemas para a Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa). “O assunto será analisado pela representação dos empregados, que deve cobrar providências da direção do banco” – comentou a diretora-presidente da Associação, Fabiana Matheus.