Fonte: Contraf-CUT
Um funcionário do Banco do Brasil chegou hoje ao trabalho, na agência do mercado Negreiros em São Paulo, com uma bomba amarrada na cintura. Ele queria levar dinheiro para um grupo de seqüestradores que mantinha a sua família refém. Enquanto esta cena se desenrolava, num outro ponto da cidade a Contraf-CUT e Fenaban se reuniam para a instalação oficial da mesa de negociações sobre segurança bancária.
Durante a reunião, os representantes dos trabalhadores reafirmaram todas as suas reivindicações, que já são conhecidas dos banqueiros. “Fizemos um resgate sobre os problemas de segurança que clientes e bancários enfrentam diariamente nas agências. O número de assaltos a bancos tem crescido muito, só na região metropolitana de São Paulo aumentou em 68% no último semestre. Fora os seqüestros de bancários e as mortes que ocorreram nos bancos. Só este ano, mais de 15 pessoas perderam suas vidas. Cobramos responsabilidade da Fenaban para negociar uma solução para o problema da segurança” – explicou o secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
Os bancários, entretanto, ficaram chocados ao ouvirem dos banqueiros que a Fenaban não têm qualquer proposta para apresentar. “Eles disseram apenas que querem ouvir o que temos a sugerir. E sugestões é o que não faltam para nós. Vamos começar pelo trivial: porta giratória de segurança com detector de metal na entrada de todas as agências. Isso é básico e os bancos não têm cumprido. Para não deixar o layout das agências feio, os banqueiros deixam a segurança para um segundo plano e, no máximo, colocam a porta-giratória já dentro das agências, depois do auto-atendimento, que ficam totalmente desprotegidos” – explicou Carlos Cordeiro.
Além do problema do auto-atendimento, os bancários cobraram também o fim do transporte irregular de dinheiro feito por bancários e da política de obrigar o funcionário a levar para casa a chave das agências. “Tanto o transporte de dinheiro como a custódia da chave devem ser atribuições de uma empresa de segurança. Mas os bancos não estão nem aí, não há um plano de segurança. Tudo isso porque os banqueiros estão mais preocupados em proteger o dinheiro que a vida das pessoas” – ressaltou.
Outro problema destacado na primeira negociação foi a falta de emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CATs) para os trabalhadores das agências assaltadas.
Nova reunião ficou pré-agendada para o início de fevereiro, quando os bancos se comprometeram a responder as demandas apresentadas pelos bancários. As duas partes também ficaram de levar mais sugestões para a negociação.
“Esperamos avanços já na próxima rodada de negociações. Nossa pauta está com os banqueiros; eles queriam ouvir e ouviram. Agora é atender nossas demandas e mostrar que a tão falada responsabilidade social não é apenas retórica para a propaganda. Responsabilidade social começa em casa e garantir a segurança dos seus empregados é o mínimo que os bancos devem fazer” – afirmou o secretário Jurídico da Fetec São Paulo, Gutemberg Oliveira.