Fonte: Jornal Nacional, Globo
• Existem 1.460 cooperativas de crédito no país. A taxa de juros é menor do que a média cobrada pelos bancos porque o dinheiro emprestado vem dos próprios associados a um custo baixo. •
No meio dessa crise financeira internacional, o caminho menos complicado para tomar dinheiro emprestado tem passado quase obrigatoriamente por cooperativas de crédito. A repórter Elaine Bast explica como elas funcionam.
O inspetor predial Alberto Camilo mostra com alegria as fotos do terreno onde vai construir uma casa. Para começar a obra, precisa de R$ 5 mil. Tentou pegar o dinheiro no banco, que pediu dois meses para dar uma resposta.
“Eu creio que devido a essa crise mundial estão dificultando”, conta.
Na cooperativa de crédito, o dinheiro saiu em três dias. A dívida será paga em quatro anos, com taxa de juros inferior a menos de 2% ao mês.
“Até fevereiro eu vou terminar o que tenho para construir”, diz.
Existem hoje, no Brasil, 1.460 cooperativas de crédito. Uma delas, de funcionários do setor de saneamento básico, foi criada para resolver um problema no dia do pagamento.
“Você tinha uma fila no banco para receber e uma fila no banco dos agiotas pegando e descontando cheques dos funcionários”, conta o presidente da cooperativa de crédito João Carlos Bibbo.
Carlos estava enrolado pagando juros de 6% ao mês para uma financeira. Quitou a dívida com um empréstimo que fez na cooperativa. A prestação caiu para menos da metade.
“O mais certo é você sair das dívidas e começar a administrar”, aconselha um homem.
Um dos motivos para a taxa de juros ser menor do que a média cobrada pelos bancos é que o dinheiro emprestado vem dos próprios associados a um custo baixo. Além disso, as prestações são debitadas na folha de pagamento, ou seja, o risco de não receber é muito pequeno.
Os juros das cooperativas variam de 1,5% a 2,5% ao mês, taxas próximas às usadas no empréstimo mais barato que existe hoje no mercado consignado.
Para fazer o empréstimo é preciso ser associado. Isso significa depositar a cada mês uma contribuição. Na hora do aperto, é possível fazer um financiamento com base no saldo desses depósitos e na renda de cada um.
“A gente faz o empréstimo nas possibilidades e nas condições da gente”, afirma o aposentado Geraldo da Silva.
O Banco Central fiscaliza as cooperativas de crédito, mas o associado também deve participar das assembléias para evitar surpresas.
“É chato. É como reunião de sindicato ou de condomínio. Se você não for, você também não pode reclamar do que estão fazendo”, explica o presidente da Associação Nacional das Cooperativas de Crédito Luiz Eduardo Paiva.