Não foi com surpresa que recebemos a notícia sobre a orientação da direção da Caixa a seus gestores de descontar o saldo remanescente dos dias da greve: a truculência tem sido a marca dessa gestão que, sob uma máscara democrática, tem agido da pior maneira possível com seus empregados.
A atitude tomada por essa direção é uma clara tentativa de punir os trabalhadores que, ano após ano, vêm lutando para ampliar seus direitos, conquistar novos benefícios, enfim, fazer da Caixa uma empresa melhor para trabalhar.
Tal atitude não nos surpreende, só nos decepciona, porque lembramos que boa parte dos diretores e do alto escalão da Caixa são egressos do movimento dos empregados e, agora, agem de maneira traiçoeira, esquecendo suas origens, sua formação, enfim, esquecendo que ainda são, também, trabalhadores.
A decisão da Caixa em descontar o saldo remanescente passa por cima do Acordo Coletivo 2008/2009, que prevê o não-desconto dos dias parados, e desrespeita a Constituição Federal, a qual garante o exercício do direito de greve justamente porque ele é um direito do trabalhador. A greve é a arma necessária para que os patrões realmente deem aos trabalhadores aquilo que é deles por direito, principalmente em se tratando da Caixa, empresa 100% pública, portanto, patrimônio de seus empregados.
Precisamos ficar atentos e nos preparar para a luta, porque é clara a intenção do banco de fragmentar o movimento e, mais uma vez, dividir os trabalhadores, já que o desconto não incidirá para todos, mas para aqueles que não conseguiram cumprir seu plano de compensação. É importante frisar que a luta foi de todos na Campanha Salarial e todos foram beneficiados com os resultados da mobilização conjunta dos trabalhadores.
Falta democracia e sobra truculência a essa direção. Há muito a máscara democrática e “boazinha” que a Caixa tenta sustentar já caiu e os trabalhadores têm dado respostas a essa gestão por meio da luta. É lamentável constatar que a empresa ainda não aprendeu e não consegue lidar com seus trabalhadores em um patamar democrático: assina um acordo e o desrespeita, passando por cima da sua própria palavra.
A direção da APCEF/SP repudia a atitude da direção da Caixa, assim como repudia essa retórica hipócrita de transformar a Caixa em uma das melhores empresas para trabalhar, o que, na prática, não acontece. A direção do banco age punindo seus trabalhadores que, dentro do espírito das leis, fizeram uma greve heróica, da qual saíram de cabeça erguida. A energia dispendida pela Caixa nesse processo poderia ser revertida em uma política séria de gestão de recursos humanos, pois é isso que todos nós esperamos.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) orientou seus sindicatos a entrarem com uma liminar contra a Caixa para barrar o desconto dos dias parados, o que só pôde ser feito depois do fim do recesso do judiciário, em 6 de janeiro. Como a ação em questão é por descumprimento de acordo, só os sindicatos podem impetrá-la por serem signatários do documento. A APCEF/SP só pode entrar com ação depois do desconto efetuado.
A Caixa não conseguirá quebrar o espírito de luta de seus trabalhadores. Punindo-os com o desconto dos dias parados, ela só conseguirá acirrar a revolta e a indignação contra a truculência e a arbitrariedade dessa direção.
A APCEF/SP reafirma seu compromisso de luta e já está estudando ingressar com ação, caso seja efetuado o desconto do saldo remanescente, para que a Caixa devolva aos trabalhadores o que é deles de direito.
Descontar os dias parados não é só tomar o dinheiro do trabalhador, é tirar sua dignidade e seu direito inalienável de lutar.
Diretoria Executiva da APCEF/SP
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