Desde que se “instalou”, a crise econômica mundial tem gerado um pensamento global: que mecanismos criar para evitar as perdas e um agravamento financeiro ainda maior?
Pacotes anticrise foram lançados – como o mais comentado, o dos Estados Unidos -, com injeção de milhões de dólares no mercado e socorro a bancos e empresas; medidas foram tomadas – como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos, para evitar queda brusca nas vendas, a adoção de férias coletivas nas empresas para evitar demissões…
Pois bem. É neste cenário de forte recessão, no qual países considerados potências enfrentam uma das maiores crises dos últimos tempos, que a Caixa Econômica Federal disse um sonoro NÃO à possibilidade de crescimento da empresa e de geração de empregos.
Em meados de fevereiro, a direção da Caixa afirmou ao presidente Lula que não seria possível atingir a meta de financiamento do plano de habitação do governo, ou seja, de 500 mil unidades neste ano e de mais 500 mil até o fim de 2010.
A saída do governo foi, então, ordenar ao Banco do Brasil o financiamento de imóveis para os trabalhadores de baixa renda, que é e sempre foi o foco inquestionável da Caixa Econômica Federal.
Apesar da falta do chamado know-how – o que, diga-se de passagem, é todo da Caixa -, o Banco do Brasil aceitou o desafio e afirmou encará-lo como uma oportunidade de expansão em plena crise.
*Uma vergonha!* Esta é a expressão que define o posicionamento da direção da Caixa diante da negação à proposta do governo.
*Má administração.* Esta é a frase que define o porquê deste posicionamento, uma vez que a empresa não se preparou para um futuro de crescimento e investimento do banco em políticas públicas, uma das metas primordiais do governo. E por que não se preparou?
No fim de 2007, uma campanha desenvolvida pela Fenae, pelas APCEFs e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) foi lançada e objetivava não só amenizar a sobrecarga de trabalho na empresa, mas também fazer com que a Caixa estivesse preparada para o desafio de implantar políticas públicas. Era a campanha Mais empregados para a Caixa, mais Caixa para o Brasil.
E a resposta está aí. Sem nenhuma visão de futuro (e futuro próximo), de lá para cá, a empresa nada investiu na contratação de novos empregados para suprir a demanda de trabalho e muito menos para atender a desafios como o proposto pelo governo, de 1 milhão de financiamentos habitacionais.
Algumas perguntas ficam no ar diante do posicionamento adotado pela Caixa e exigem respostas urgentes. Qual o real foco da direção da empresa? Será que ela optará por estimular seus empregados a desempenharem um papel construtivo no banco ou será que continuará a punir seus trabalhadores, com imposição de metas abusivas e desconto de dias parados da greve (um direito constitucional do empregado)?
A Caixa tem um papel chave na política do País e o que se espera dela é o desempenho exemplar e promissor diante da conjuntura nacional e mundial.
Como dizia o mote de uma antiga campanha dos empregados, lutamos sempre e incessantemente Por uma Caixa decente!, por uma Caixa que possa enfrentar desafios propostos pelo governo e por uma Caixa que ajude o Brasil a crescer.

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