O script de nãos da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) foi acionado mais uma vez, durante a segunda rodada de negociações com o Comando Nacional dos Bancários, com foco na saúde do trabalho e na segurança bancária. O encontro foi realizado em 1 e 2 de setembro, na capital paulista, ocasião em que os banqueiros rejeitaram praticamente todas as reivindicações da campanha nacional 2010 da categoria bancária.
A questão da saúde do trabalhador, que inclui assédio moral e metas abusivas, foi alvo dos principais nãos dos banqueiros, apesar dos bancários terem deixado claro que, além do aumento de salário e de melhorias na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), relações de trabalho mais humanas passam necessariamente pelo combate ao assédio moral e pelo fim das metas abusivas.
Nessa segunda rodada de negociações, não avançou muito a discussão sobre assédio moral. Os bancários defendem a implantação de um programa de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, o que inclui a apuração de denúncias de assédio moral. O assunto vem sendo debatido desde 2006, mas a intransigência dos bancos leva à permanência de muitas pendências. Os bancários estão dispostos a insistir com esse debate nas próximas rodadas, lutando pela criação de um instrumento para combater o assédio moral nos locais de trabalho.
Os banqueiros também rejeitaram as propostas dos bancários para acabar com as metas abusivas. A Fenaban não concorda com o fim do ranking individual de venda de produtos e com o fim das metas para os caixas. Em resposta à recusa dos banqueiros, o Comando Nacional dos Bancários reafirmou que o problema não está relacionado à existência de metas, mas à forma como essas metas são instituídas e cobradas dos trabalhadores, gerando assédio moral e adoecimento dos bancários.
Foram recusadas ainda pelos banqueiros reivindicações como manutenção de salários e isonomia para os afastados por licença-saúde (cesta-alimentação – tíquete-refeição – PLR etc.). Outro não foi dado para a concessão de abono de falta aos bancários com deficiência para o reparo em suas próteses. Para isso, a Fenaban alega que essa discussão deve ser feita por cada banco.

Segurança bancária
Foi negado também o atendimento em itens como a proibição ao transporte de numerário e ao porte das chaves das agências e cofres pelos bancários. A Fenaban se nega ainda a conceder a obrigatoriedade da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e nem admite a ampliação das indenizações para as vítimas de assaltos, sequestros e extorsões. Foi negado até mesmo o adicional de risco de vida de 30% para quem trabalha em agências, postos e tesoureira, conforme já foi conquistado pelos vigilantes em acordos coletivos e em projetos de lei no Congresso Nacional.
Outra recusa dos bancos diz respeito à garantia de medidas preventivas contra assaltos, como a instalação de portas giratórias em todas as agências e postos, câmeras de filmagem com monitoramento em tempo real e outros equipamentos.
Os banqueiros limitam a assistência às vítimas de assaltos, sequestros e extorsões apenas à garantia de atendimento médico ou psicológico no local da ocorrência, recusando ainda a assegurar tratamento psicológico ou o fechamento da agência ou posto no dia do assalto. Nada, porém, de acompanhamento de um advogado do banco na identificação de suspeitos na Polícia e em relação à estabilidade provisória de 36 meses para as vítimas de assaltos e sequestros.
Houve concordância para a emissão obrigatória do Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia para os casos de assaltos, consumados ou não, e sequestros. A Fenaban concorda em fornecer estatísticas semestrais de assaltos a bancos em âmbito nacional, conforme discussão feita na mesa temática de segurança bancária.

De acordo com calendário firmado na primeira rodada, para 8 e 9 de setembro, quarta e quinta-feira, estão previstos novos debates. Os temas que estarão em pauta serão emprego e condições de trabalho.

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