Durante os anos 80 e 90, uma das principais bandeiras do movimento sindical e associativo era defender e resgatar o papel social da Caixa. A onda neoliberal que atingia o País não deixava intacta empresa pública alguma.
A APCEF/SP, que teve atuação marcante nesse processo, não pode se omitir quando vê voltar à cena aqueles que sucatearam empresas estatais para vendê-las por preços irrisórios.
Muitos empregados novos não têm conhecimento da política econômica do governo naqueles tempos para a Caixa e para o País. Por isso, este é o momento de resgatar a história, para que ela não se repita, jamais.
Naquela época, implantou-se um modelo de preparação para a privatização da Caixa muito parecido com o modelo utilizado em outras estatais, que foram efetivamente privatizadas. Ainda hoje é possível ver marcas das medidas então adotadas.
A descaracterização do papel social da Caixa, com as agências atuando como banco comercial e o atendimento da área social sendo relegado às Centrais de Atendimento ao Trabalhador (CATs) – galpões sem condições de oferecer o mínimo de conforto aos clientes e onde multidões aglomeravam-se -, era evidente no dia a dia de clientes e empregados.
Agências consideradas deficitárias, sob a ótica exclusivamente comercial, eram fechadas, muitas vezes em municípios nos quais a Caixa era o único banco.
Enquanto a ênfase era dada para a atuação como banco comercial, minguavam-se os recursos para financiamentos habitacionais e saneamento básico.
A Caixa abriu mão da inteligência da gestão das loterias. Primeiro privatizou a Datamec, empresa da qual detinha mais de 90% das ações e que fazia o processamento das loterias, entre outras coisas. Depois, entregou o processamento e a inteligência da gestão para a GTech.
Para viabilizar o projeto de privatização, o governo Fernando Henrique Cardoso desferiu pesados ataques aos empregados, pois via-os como grandes defensores do papel social da Caixa.
Instaurou-se, então, um clima de medo com a criação da RH 008, instrumento utilizado para demitir empregados. Os processos de demissão chamados voluntários – PADVs – vinham acompanhados de ameaças: quem não aderisse ao plano poderia ser demitido pela normativa.
Com a redução do número de empregados, escancarou-se a terceirização. Na época, o quadro funcional da Caixa chegou a ter menos da metade de seus trabalhadores admitidos por concursos.
Houve intensa precarização das condições de trabalho, sendo as conquistas trabalhistas cortadas uma a uma. Eliminou-se o auxílio-alimentação dos aposentados; criou-se o plano de cargos e salários do técnico bancário com redução do teto; criou-se o REB na Funcef, para reduzir os custos para a empresa; instituiu-se o PAMS Caixa, com a participação de até 50% das despesas médicas custeadas pelos novos empregados; eliminaram-se as Apips; extinguiu-se o parcelamento de férias…
A direção da Caixa investiu pesado na divisão, jogando os empregados novos contra os antigos, chamados de “massa velha”, ativos contra aposentados, detentores de função contra os sem função.
O clima era insuportável, as pressões e o assédio moral eram estimulados e premiados, os afastamentos por problemas de saúde cresciam vertiginosamente com a falta de empregados e a jornada de trabalho era extenuante… tudo acompanhado pela política de reajuste zero dos salários.
Com a troca de governo, houve mudança na orientação política para a Caixa, que resgatou seu papel social, fundamental para ajudar o País a superar a crise mundial de 2008. A empresa voltou a investir, auxiliando o Brasil a gerar emprego e renda. Foi internalizada a gestão das loterias, os investimentos em habitação e saneamento básico passaram a bater recordes, milhões de brasileiros foram incluídos no sistema financeiro.
O relacionamento da direção da Caixa com os empregados mudou. Deixamos a luta de resistência para a luta por conquistas, com aumentos reais, novos PCS e plano de benefícios, plano de saúde acessível a todos, o fim da RH 008.
Sem dúvida, temos críticas à gestão da Caixa e ainda temos muito a lutar por melhores condições de vida e de trabalho.
No entanto, temos a certeza absoluta de que, entre os dois projetos apresentados ao País, o que melhor representa os nossos anseios e que pode fortalecer a Caixa é a continuidade do governo democrático e popular do presidente Lula, com a eleição da candidata Dilma para a Presidência da República.

Diretoria Executiva da APCEF/SP
Gestão Nossa Luta

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