A direção da Caixa – juntamente com bancos privados, tais como Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, HSBC, Safra, Citibank, Bicbanco e Votorantim – assinou, em 26 de janeiro, um acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho 2010/2011, que estabelece o programa de combate ao assédio moral nas instituições financeiras.
Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) assinaram o acordo, que tem abrangência nacional.

O que diz o acordo
No acordo, que tem como característica a adesão espontânea, os bancos comprometem- -se a declarar, explicitamente, a condenação a qualquer ato de assédio e reconhecem que o objetivo é alcançar a valorização de todos os empregados, promovendo o respeito à diversidade, à cooperação e ao trabalho em equipe, em um ambiente saudável.
Esse acordo define um canal específico para apurar as denúncias de assédio moral contra bancários. Fica prevista avaliação semestral do programa com apresentação, pela Fenaban, de dados estatísticos setoriais e criação de indicadores para verificar o desempenho. Depois de recebida a denúncia, os bancos têm 60 dias corridos para apurá-la e prestar esclarecimentos à entidade sindical.

Conquista histórica
O combate ao assédio moral em unidades bancárias é uma das principais conquistas da campanha salarial 2010, fruto da união e da luta dos trabalhadores em todo o País.
A imposição de metas abusivas para a venda de produtos aos clientes, apelando para situações de pressão, de constrangimento e de humilhação no trabalho, é responsável pelo alto índice de estresse, de adoecimento e de depressão nos bancários.
“As doenças mentais são, hoje, uma das principais causas de afastamento do trabalho e, inclusive, vários bancos já foram condenados em ações judiciais ao pagamento de pesadas indenizações”, afirmou o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
De acordo com Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT e empregado da Caixa, as doenças físicas e psíquicas vêm crescendo de forma assustadora na categoria.
“Atualmente, a cada mês, 1.200 bancários, em média, são afastados por auxílio-doença concedido pelo INSS, dos quais a metade por transtornos mentais e por Lesões por Esforços Repetitivos (LER/Dort)”, constatou Plínio.
Para ele, os transtornos mentais vão desde uma pequena depressão até a tentativa de suicídio: são doenças comprovadamente geradas ou agravadas pelo atual modelo organizacional dos bancos, onde imperam a pressão brutal por cumprimento de metas excessivas e o assédio moral.
“Para os empregados, o avanço é incontestável e cabe a cada um de nós denunciarmos os abusos e as pressões no ambiente de trabalho, para que possamos combater, realmente, o assédio moral na empresa e, principalmente, para que a nossa saúde não corra risco de parar na UTI”, afirmou o diretor-presidente da APCEF/SP, Sérgio Takemoto.

Foto: Gerardo Lazzari – Contraf-CUT
Da esquerda para a direita, o presidente da Contraf-CUT, a representante da Caixa e a presidente do Sindicato de São Paulo, Osasco e Região, no dia 26, durante assinatura do acordo

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