Do Seeb/SP
As negociações da Campanha Nacional Unificada 2012 entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos foram interrompidas na manhã desta quarta-feira, 15 de agosto, após a notícia da morte do dirigente sindical bancário Manoel Castaño Blanco, o Manolo, vítima de acidente vascular.
Manolo era casado com a advogada Deborah Regina Rocco Castaño Blanco, assessora jurídica da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) – que participava da rodada de negociação assessorando os trabalhadores do Comando, quando recebeu a notícia. Deixa dois filhos, Beatriz e Diogo.
Ex-funcionário do Safra, Manolo tinha 49 anos. Foi dirigente do Sindicato desde 1991 até 2002 e na, diretoria executiva da entidade, comandou as Secretarias Jurídica, Cultural e de Imprensa. Também foi um dos responsáveis pela criação da Comissão de Segurança Bancária nos anos 1990.
Alguns desdobramentos – salários dos trabalhadores afastados que aguardam perícia médica serão mantidos pelos bancos, até que situação seja regularizada junto ao INSS. Compromisso da Fenaban foi negociado com o Comando Nacional dos Bancários
Até que seja regularizada a situação junto ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), os salários dos bancários afastados que aguardam perícia médica serão mantidos pelos bancos. Compromisso com este objetivo foi assumido pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) durante a segunda rodada de negociações da campanha salarial 2012 com o Comando Nacional dos Bancários, ocorrida na manhã desta quarta-feira, dia 15 de agosto, em São Paulo.
O debate sobre as reivindicações de saúde e condições de trabalho foi retomado depois de iniciado na primeira rodada, dias 7 e 8 de agosto, quando os bancos se negaram
a discutir o fim das metas abusivas que estão adoecendo os bancários em todo país.
Às 13h, no entanto, a reunião entre bancários e banqueiros foi suspensa por solicitação do Comando Nacional, após a notícia do falecimento do ex-dirigente sindical Manoel Castaño Blanco, conhecido como Manolo, vítima de acidente vascular, marido da assessora jurídica da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Deborah Regina Rocco Castaño Blanco, que participava da mesa de negociação.
Diante disso, as negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban serão retomadas na próxima terça-feira, dia 21 de agosto, às 10h, em São Paulo. Estarão em pauta segurança bancária, igualdade de oportunidades e remuneração.
Remuneração para afastados – uma das principais reivindicações debatidas foi a manutenção dos salários e da complementação por afastamento previdenciário. Desde 2005, o movimento sindical vem recebendo inúmeras denúncias de casos em que o trabalhador recebe a alta programada do INSS, mas acaba sendo considerado inapto no exame de retorno ao trabalho realizado pelos bancos e aí fica "no limbo", sem benefício e sem salário.
O secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf/CUT, Walcir Previtale, diz que “essa situação tem levado o trabalhador a ficar sem remuneração até que consiga nova perícia pelo INSS, o que leva meses. Nossa reivindicação é que o banco mantenha, no período em que o bancário esteja sem o auxílio-doença, o pagamento da remuneração total ao empregado. O que acontece hoje é que o trabalhador se endivida nesse período para conseguir manter sua família. Isso não pode continuar acontecendo".
A Fenaban reconheceu que há problemas e assumiu o compromisso de manter os salários dos afastados que aguardam perícia médica, o que é um avanço. Além disso, os banqueiros concordaram em trabalhar conjuntamente junto ao INSS para agilizar a realização das perícias e resolver os transtornos causados pela alta programada.
Pausa de 10 minutos para caixas – também em debate esteve a proposta dos bancários de garantir o intervalo de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados nos casos de serviços que exijam movimentos repetitivos, como os caixas e as funções que exijam cálculo, contagem de dinheiro e leitura digital de documentos, garantindo que não ocorra aumento da jornada trabalhada. Em outras palavras, segundo a Contraf/CUT, a pausa contínua deve servir para o trabalhador recuperar a vitalidade das suas atividades física e mental. “A pausa é uma forma de prevenção".
Para Carlos Cordeiro, presidente da Contraf/CUT e coordenador do Comando Nacional, "a incidência de LER/Dort nos caixas é grande e eles continuam sendo avaliados pelas autenticações, o que aumenta o ritmo de trabalho". Apesar disso, os
bancos não aceitaram a implantação da pausa reivindicada para os caixas. Eles alegaram que o intervalo só se justifica na digitação e call center, em razão da concentração e dos esforços repetitivos.
Foi manifestados pelos bancos, no entanto, a disposição de fazer após a campanha salarial deste ano um análise técnica na mesa temática de Saúde do Trabalhador sobre as funções que são mais afetadas pela LER/Dort e buscar soluções.
Manutenção da função comissionada após retorno ao trabalho – na reunião com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários defendeu a permanência da remuneração dos afastados após o retorno ao trabalho, de modo que não tenham redução salarial nem perda de função comissionada. O entendimento é de que o bancário ficou afastado não por vontade própria, mas porque foi acometido de doença do trabalho. Assim, quem adoeceu não pode ser punido com a perda da função ao retornar ao trabalho. O descomissionamento é uma injustiça com o trabalhador.
Os bancos, porém, não aceitaram a reivindicação, alegando que se o trabalhador mudou de função não pode continuar comissionado. Os representantes dos bancários não concordaram com essa medida, dado que o trabalhador, além de adoecer, ainda tem de lidar com outro problema que é a diminuição de remuneração mensal.
Foi reivindicado ainda que o bancário tenha o direito de fazer consulta médica durante o horário de trabalho, quando for preciso. Os bancos se negaram a garantir isso na convenção coletiva.
Eleições de todos os representantes das Cipas – os bancários defenderam ainda que as Comissões Internas de Prevenção de Acidente (Cipas) sejam constituídas por eleições diretas de todos os seus membros. Só que a Fenaban defende o atual modelo, com metade sendo indicada pelos bancos. Ou seja: os banqueiros se recusaram a avançar nessa questão. Por outro lado, os representantes do Comando Nacional dos Bancários denunciaram a ingerência dos bancos na escolha dos representantes dos trabalhadores.
Negociações – as rodadas de negociação serão retomadas na terça-feira, dia 21, com os temas segurança, igualdade e remuneração. Na quarta-feira, dia 15, foi dado prosseguimento aos debates das reivindicações de saúde.