Trabalhadores são cobrados pelas metas das agências, estão sobrecarregados e exercendo várias funções
O ambiente de trabalho no banco não está pesado só pra quem está na base. Na cadeia de pressão dos bancos, os gerentes também sofrem com metas, sobrecarga e desvio de função. “Esse título, de gerente-geral, não existe. Você não tem tempo, nem autonomia pra nada. A agência é pequena, então eu tenho que colocar a mão na massa, senão a gente não bate a meta. Aí eu tenho que pegar o telefone e vender. Se eu digo que tenho funcionários afastados ou que por algum problema não estão rendendo, eles (superintendentes) me dizem que se o funcionário não faz, eu tenho que fazer”, conta a gerente-geral de uma agência do Itaú.
As cobranças absurdas também fazem parte do cotidiano da bancária. “O EMP 4, que é a menor carteira de PJ do banco, veio pro varejo, então eu tive que cuidar de um produto novo pra mim, que eu não sabia lidar. Eles dão curso, mas é curso de um ou dois dias. Não dão tempo de você entender. Mas o negócio chega e a cobrança vem na mesma hora”, diz, acrescentando que “corre atrás” pra não ficar mal no ranking de resultados das agências. “Ninguém quer ficar no fim do ranking, né? É muito ruim pra gente. Eu amo o que eu faço, mas penso todos os dias em sair.”
Não é a toa que, segundo a bancária, só na regional da qual sua agência faz parte, dois gerentes-gerais pediram a conta e uma saiu de licença por depressão.
“O banco está bem agressivo de dois anos pra cá. Sem mão de obra suficiente e com metas cada vez mais abusivas. Eu era gerente Unibanco, e era muito mais tranquilo. As campanhas eram bimestrais e as avaliações anuais. Agora são mensais e os processos semestrais. A meta aumentou absurdamente”, conta outro gerente-geral do Itaú. “A gente trabalha assoberbado. Eu tenho que vender produto e não consigo montar estratégias pra agência, ou plano de cargos pros funcionários”, acrescente o bancário.
Um gerente operacional do Itaú informa que só de janeiro a agosto, a meta aumentou mais de 200% e o acúmulo de funções é comum. “Eu abro caixa, faço serviços de tesouraria. Mas quase todos os gerentes operacionais do banco têm que fazer.”
“A população acha que bancário ganha bem e trabalha pouco, mas é uma visão totalmente errada. A gente não ganha o que merece e trabalha muito, sob pressão o tempo todo”, avalia uma gerente comercial do Santander.
“A greve é válida. Temos que ser reconhecidos pelo que a gente faz. Estamos vendo o que o banco fatura. É mais do que justo que a gente fique com um percentual maior que isso”, opina um gerente administrativo do Bradesco.
Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo