Repudiamos, veementemente, a proposta de redução do papel dos bancos públicos defendida por Armínio Fraga, já nomeado ministro da Fazenda por Aécio Neves, caso o tucano seja eleito presidente da República. A afirmação de que o modelo com Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES “não é favorável ao desenvolvimento com D maiúsculo” é uma ameaça concreta ao crescimento econômico e social do país e às conquistas dos últimos 12 anos.
Já vimos esse filme antes, e os protagonistas são os mesmos. No governo de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB, entre 1995 e 2002, os bancos públicos passaram por um processo de desmonte sem precedentes. A regra era enfraquecer para privatizar. Fraga, que presidiu o Banco Central no período, ajudou a vender Banespa, Banerj, Banestado, Bemge, Baneb, Bandep e Paraiban, entre outros, com a demissão da maioria dos trabalhadores dessas instituições.
No caso específico da Caixa, o número de agências e postos de atendimento chegou a ser de apenas 2.082, em 2002. Quando FHC e o PSDB assumiram a Presidência, em 1995, eram 76 mil empregados, total que caiu para 53 mil sete anos depois. No Banco do Brasil, ocorreu o mesmo: o número de trabalhadores despencou de 119 mil para 77 mil. Ainda no período, um estudo encomendado pelo governo apontou a ineficiência dos bancos públicos, propondo fusões e privatizações.
Mas Caixa, Banco do Brasil, BNDES, BNB e Banco da Amazônia, graças sobretudo às mobilizações dos seus empregados, resistiram bravamente à guilhotina neoliberal. E a partir de 2003, com a eleição de Lula e Dilma, conseguiram se reerguer. Os números de lá para cá reforçam que o Brasil precisa de bancos públicos fortes, comprometidos com políticas públicas capazes de estimular a economia e, ao mesmo tempo, reduzir as desigualdades sociais.
Vejamos mais uma vez o caso da Caixa. Entre 2002 e 2013, o lucro líquido cresceu 235%, chegando a R$ 6,7 bilhões. As operações de crédito alcançaram R$ 494,2 bilhões. Merecem destaque os R$ 270,4 bilhões de financiamento habitacional no ano passado, 900% a mais que em 2002. O número de empregados chegou, em setembro, aos 100 mil. E já são mais de 4 mil unidades pelo país afora. A Caixa é hoje o maior banco 100% público do Brasil.
Armínio Fraga se engana ou mente ao alegar que o crescimento do país é independente da atuação de bancos públicos fortes. Todas as nações desenvolvidas cresceram com investimentos públicos. A China, que apresenta a maior taxa de desenvolvimento, tem instituições desse tipo. Já os bancos privados, como é de conhecimento de todos, são os principais responsáveis pelas crises financeiras.
Aliás, é importante lembrar que foi graças à atuação dos bancos públicos que o Brasil foi o mais rápido a sair da crise internacional de 2008. Caixa, BB, BNDES, BNB e Basa ampliaram a participação na oferta de crédito na economia de 36% a 51%, enquanto os privados reduziram a oferta e aumentaram os juros. Foram os recursos dos bancos públicos que mantiveram a economia aquecida e evitaram o avanço do desemprego.
O fortalecimento dos bancos públicos foi retomado por Lula, continuou com Dilma e não pode parar. Assim pensa o movimento nacional dos bancários. O apoio à reeleição da atual presidenta foi definido em diversos fóruns, como as centrais sindicais, a 16ª Conferência Nacional dos Bancários, o 30º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), o 25º Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil, o Conselho Deliberativo Nacional e a Diretoria da Fenae, entre outros.
Não podemos permitir que o PSDB privatize Caixa, Banco do Brasil, BNDES, BNB e Banco da Amazônia, plano que não conseguiu concretizar no governo FHC. As conquistas dos últimos 12 anos, como a recente saída do Brasil do Mapa Mundial da Fome da ONU, ocorreram com a participação imprescindível dessas instituições. E os ainda necessários avanços só virão com a continuidade de um projeto de país que compreende a importância de bancos públicos fortes e protagonistas na execução de políticas públicas e sociais.
Não ao retrocesso. Sim ao fortalecimento dos bancos públicos!
Fonte: Fenae