Jornal APCEF em Movimento n. 409, de 12/3/1999

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Você trabalha na Caixa há mais de 12 anos? Conhece alguém que foi admitido antes de 2002? Se respondeu “sim” a uma destas questões deve se lembrar da situação do banco naquele período.

Muitos empregados admitidos depois de 2002 não têm conhecimento da política econômica do governo naqueles tempos para a Caixa e para o País. Por isso, é preciso resgatar a história para que ela não se repita.

No governo de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB, entre 1995 e 2002, os bancos públicos passaram por um processo de desmonte sem precedentes. A regra era enfraquecer para privatizar. Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central no período, ajudou a vender Banespa, Banerj, Banestado, Bemge, Baneb, Bandep e Paraiban, entre outros, com a demissão da maioria dos trabalhadores destas instituições.

No caso específico da Caixa, o número de agências e postos de atendimento chegou a ser de apenas 2.082 em 2002. Quando FHC e o PSDB assumiram a presidência, em 1995, havia 76 mil empregados no banco, total que caiu para 53 mil sete anos depois. Ainda no período, um estudo encomendado pelo governo apontou a ineficiência dos bancos públicos, propondo fusões e privatizações.

Para viabilizar o projeto de desmonte do banco, o governo do PSDB desferiu pesados ataques aos empregados. Instaurou-se um clima de medo com a criação da RH 008, instrumento utilizado para demitir empregados sem justa causa. Os processos de demissão chamados voluntários (PADVs) vinham acompanhados de ameaças: quem não aderisse ao plano poderia ser demitido pela normativa.

Empregados foram contratados com direitos rebaixados; implantou-se o REB na Funcef para reduzir os custos com as aposentadorias; instituiu-se o PAMS Caixa, com a participação de até 50% das despesas médicas custeadas pelos novos empregados, entre outros ataques aos direitos dos trabalhadores. Tudo isto acompanhado de reajuste salarial zero.

A partir de 2003, com a eleição de Lula e Dilma, os bancos públicos conseguiram se reerguer. Os números de lá para cá reforçam que o Brasil precisa de bancos públicos fortes, comprometidos com políticas públicas capazes de estimular a economia e, ao mesmo tempo, reduzir as desigualdades sociais.

O lucro líquido da Caixa, por exemplo, foi de R$ 6,7 bilhões no ano passado, 235% a mais que em 2002. Em 2013, as operações de crédito alcançaram R$ 494,2 bilhões. Só em financiamentos habitacionais foram R$ 270,4 bilhões, alta de 900% em 11 anos, o que possibilitou que milhões de brasileiros realizassem o sonho da casa própria.

Os avanços só foram possíveis graças ao reconhecimento de um governo democrático-popular que passou a valorizar o empenho e o compromisso dos empregados.

Entre 2003 e 2014, merecem destaque a ampliação do número de trabalhadores contratados, os aumentos salariais sempre acima da inflação e a reconquista de direitos retirados em anos anteriores.

Ainda é preciso avançar. Além de modernizar a relação com os empregados, é necessário que a Caixa se esforce no sentido de remover esqueletos como a flexibilização da jornada, o assédio moral e as metas que extrapolam a capacidade laboral e adoecem os trabalhadores.

Trocamos a luta de resistência pela luta por mais direitos. E não queremos o passado de volta. Entre os dois projetos apresentados ao País neste momento, os lados estão bem definidos: Dilma Rousseff luta pelo fortalecimento dos bancos públicos (e já provou que isto pode ser feito) e o outro candidato defende a “correção de rumo” na área dos bancos públicos no Brasil e ressalta que “não sabe muito bem o que vai sobrar no final da linha, talvez não muito” (e também já deu provas de que pode conseguir este feito).

O apoio à reeleição da candidata Dilma Rousseff à Presidência da República foi aprovado na 16ª Conferência Nacional dos Bancários e no 30º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) por entender que o Brasil não pode regredir aos anos 1990, tempo de altas taxas de desemprego e de perdas de direitos importantes, principalmente para os trabalhadores de bancos públicos.

Queremos o fortalecimento dos bancos públicos e não o retrocesso. Queremos a continuidade de um governo democrático e popular, que demonstrou nos últimos 12 anos que está ao lado dos trabalhadores.

O modelo de Caixa que defendemos para os próximos anos é o de uma instituição pública que cresce e, cumpre suas funções sociais no País e gera oportunidades a seus trabalhadores.

Diretoria Executiva da APCEF/SP
Gestão Nossa Luta

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