Bancários são categoria com um dos maiores números de ocorrência de doenças laborais
Cerca de 2,34 milhões de pessoas morrem por ano em todo o mundo vítima de acidentes ou doenças adquiridas no trabalho, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Somando os acidentes que não acabam em morte, a conta chega a 270 milhões de acidentes por ano.
No Brasil, só entre 2007 e 2013, ocorreram 5 milhões de acidentes de trabalho, número apontado pelo anuário estatístico da Previdência Social. Destes casos, 45% acabaram em morte, invalidez permanente ou afastamento temporário do emprego.
Para alertar sobre a gravidade destas estatísticas é celebrado no dia 28 de abril o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho. No país a data foi incluída no calendário em 2005, mas sua criação se deu em 2003 pela OIT após iniciativa do movimento sindical do Canadá. O dia escolhido é uma referência ao acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado de Virgínia, Estados Unidos, em 1969.
As estimativas da OIT são de que os acidentes de trabalho chegam a comprometer 4% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.
Bancários
Entre os bancários a situação não é diferente, conforme dados da Previdência, funcionários de instituições financeiras estão no topo da lista de adoecimentos. As ocorrências mais frequentes na categoria são as chamadas LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteo musculares Relacionados ao Trabalho) e os transtornos mentais e comportamentais como depressão e síndrome do pânico. Uma pesquisa realizada com mais de 10 mil bancários em São Paulo, no ano de 2014, mostrou que 17% destes trabalhadores utilizam remédios controlados em consequência de doenças laborais.
O problema é consequência de práticas abusivas como a excessiva cobrança de metas adotada frequentemente nos bancos. Nos dois últimos Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa), de forma unânime, os delegados aprovaram e reafirmaram a bandeira “fim do GDP”, a famosa Gestão do Desempenho de Pessoas Caixa, sem nenhum tipo de concessão.
O GDP promove uma avaliação de desempenho com base no princípio da meritocracia. E com isso gera uma intensa pressão nos empregados que, muitas vezes, já estão sobrecarregados pela falta de pessoal.
Apesar do desejo de reconhecimento e valorização, o modelo meritocrático, longe de estimular as pessoas no sentido de desenvolverem-se, acirra ainda mais a danosa competição hoje existente nos ambientes de trabalho, fruto da visão ideológica predominante que prejudica a solidariedade entre colegas de trabalho.
“Rechaçamos este modelo estruturado exclusivamente no desempenho individual dos trabalhadores, desconsiderando a importância do trabalho em equipe e o diálogo nos locais de trabalho”, apontou Ivanilde Moreira de Miranda, diretora da APCEF/SP e representante dos empregados no Conselho de Usuários. “Diariamente exigem dos bancários um intenso ritmo de trabalho que tem ajudado no adoecimento da categoria, especialmente no desgaste de sua saúde física e mental para atingir metas de produção cada vez maiores”, completou. Ivanilde lembra ainda que esta data é marcada por mobilizações, atividades, denúncias e reflexões em torno dos problemas que envolvem a defesa da saúde e da dignidade de vida dos trabalhadores.