Após longo período sem debates, a última reunião do GT Promoção por Mérito terminou nesta segunda-feira (11/11) com a Caixa apresentando uma proposta que prevê a concessão de um delta aos empregados que cumprirem, cumulativamente, uma lista de seis itens. Para o segundo delta, a direção do banco apresentou uma condição excludente e que indica profundo desconhecimento da direção sobre o que acontece no banco, ou uma vontade deliberada de excluir parte dos empregados do processo, causando-lhes prejuízo.
Diz a mitologia grega que Euristeu, rei de Micenas, impôs a Hércules que realizasse 12 trabalhos (praticamente impossíveis) em troca de sua liberdade. A lista que a diretoria do banco tenta determinar aos empregados, para que tenham acesso ao delta prevê o cumprimento dos seguintes itens:
1- Certificação Agir Certo Sempre (2023) ou Agir Certo Caixa (2024);
2- Certificação Cultura Digital;
3- 1 curso finalizado no Coursera;
4- 1 curso em andamento ou finalizado no Busuu (plataforma para aprendizado de línguas estrangeiras);
5- 1 curso de iniciativa pessoal na Universidade Caixa;
6- Participação em 1 ação do Programa Qualidade de Vida. Essa ação poderá ser desde imunização na campanha de vacinação antigripal, convênio com Gympass ativo no plano gratuito, até participação no Programa de Nutrição e Hábitos Saudáveis ou cadastro no aplicativo Caixa em Movimento.
O cumprimento destes itens, há pouco mais de um mês do término do ano, é realmente uma tarefa hercúlea. Em muitos casos, é realmente impossível, visto que no final do ano as equipes estão menores em função da escala de férias – que costuma concentrar as ausências no último mês do ano – e o foco dos empregados está voltado a atingir o percentual esperado no Resultado.Caixa, e quem está ausente, seja por férias ou licença não teria qualquer condição concreta para realizar as tarefas.
Já no caso da proposta do banco para o segundo delta, a desconexão da DEPES com a realidade é mais gritante: para ser elegível a recebê-lo, o empregado precisaria estar lotado por, no mínimo, 300 dos 360 dias do ano em uma unidade que tenha alcançado nota final de 100 Resultado.Caixa. A proposta ignora que, há poucos meses, houve o fechamento de quase 120 agências, o que, pela métrica proposta pela DEPES, na prática, elimina os empregados destas unidades da disputa, haja vista todo o tumulto que tem ocorrido nas agências digitais.
“A proposta apresentada pela Caixa é simplesmente absurda. Ou a DEPES desconhece a realidade das unidades ou o objetivo da direção da empresa é, realmente, eliminar os empregados da disputa, já que, para a maioria, é impossível cumprir os critérios apresentados”, explicou a diretora da Apcef/SP Luiza Hansen Arruda dos Santos. “Os critérios para concessão de deltas deve ser amplamente discutido com os representantes dos trabalhadores para que os critérios não sejam discriminatórios e excludentes como os que foram apresentados”, concluiu.
“Este foi mais um ano muito desafiador para os empregados da Caixa. No início de 2024, sofremos com a falta de planejamento e de estrutura no pagamento do Pé-de-meia, o que afetou a imagem da Caixa, a cobrança de metas abusivas foi constante, os problemas de sistema cada vez mais frequentes, houve o fechamento de agências, estamos lidando com as restrições para concessão de financiamento imobiliário e, agora, em pleno fim de ano, a presidência tirou muitos empregados das unidades para atuar em grupos de trabalho. Após um ano caótico, a direção quer impor critérios discriminatórios e excludentes, visto que não há tempo hábil para cumprí-los, para que possamos conquistar os deltas. O mínimo que esperamos é valorização, e isto significa que exigimos a distribuição linear de um delta a todos os elegíveis, e que tenhamos um segundo delta a partir de critérios objetivos e factíveis”, relatou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.
A proposta da Caixa foi rejeitada pelos representantes dos empregados no GT e há a previsão da retomada dos debates ainda esta semana, em data a confirmar.