Há 39 anos, os empregados da Caixa cruzavam os braços e, como resultado de um movimento histórico, conquistavam a jornada de 6 horas e o direito à sindicalização. Foi o primeiro movimento de alcance nacional dos empregados da Caixa Econômica Federal, com adesão de praticamente 100% dos trabalhadores em muitas localidades.

Naquele ano, em meio à chamada transição democrática, o país vivia o período final da ditadura militar, iniciada com o golpe de Estado de 1964. À época, os trabalhadores da Caixa eram chamados de economiários e, ao contrário dos demais bancários, tinham jornada de trabalho de oito horas diárias e não eram vinculados a sindicatos.

Para mudar essa situação, a categoria passou a se mobilizar. No 1º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (1º Conecef), realizado em 20 de outubro de 1985, em Brasília (DF), foi deliberada a deflagração da greve no dia 30 de outubro daquele ano.

A união dos trabalhadores assegurou a tramitação na Câmara dos Deputados, em regime de urgência, do projeto de lei que determinou a jornada das seis horas. Na sequência, outro projeto garantiu o direito dos empregados do banco de se sindicalizarem como bancários e assegurarem diversos outros direitos.

“Parabéns a todos os trabalhadores que fizeram parte desse movimento e asseguraram nossos direitos como bancários”, disse o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros. “Em uma época conturbada no país, os empregados da Caixa demonstraram toda sua força e garantiram conquistas que até hoje impactam nosso dia a dia”, reforçou.

Como tudo começou

O movimento pela jornada das 6 horas foi deflagrado no início de 1980. Entre 1980 e 1981, a Caixa realizou concurso público para contratar 20 mil escriturários básicos, que ingressaram na carreira no banco com salário 50% inferior ao do pessoal que já trabalhava na estatal. A diferenciação salarial levou os trabalhadores a reivindicarem isonomia de tratamento.

Em 1984, face à pressão fortemente articulada nacionalmente, a direção do banco promoveu dois processos seletivos que permitiram o enquadramento de apenas 4 mil dos 20 mil escriturários básicos. Um grupo de bancários, sobretudo em São Paulo, se recusou a fazer as provas.

O protesto paulista culminou na demissão de alguns trabalhadores e provocou uma grande mobilização não só pelo enquadramento dos 20 mil escriturários aprovados no concurso, mas também pela jornada das seis horas, pelo reconhecimento dos empregados da Caixa como bancários e pelo direito à sindicalização.

A greve pelas 6 horas foi construída, basicamente, a partir da mobilização dos auxiliares de escritório, que buscavam ser enquadrados ou reconhecidos como escriturários básicos na carreira técnico-administrativa e não mais como economiários. O primeiro movimento de alcance nacional da história do banco público contou com a participação decisiva da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), fundada em 29 de maio de 1971.

Depois de muitas idas e vindas institucionais, a lei que estabelecia a jornada das 6 horas para o pessoal da Caixa foi sancionada em 17 de dezembro de 1985. No dia seguinte, o “Diário Oficial da União” trazia ainda a garantia do direito à sindicalização de todos os empregados da Caixa.

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