Em vídeo publicado na página oficial do Instagram do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, no dia 11 de outubro, o ministro Márcio França acusa os empregados de bancos públicos de recusar empréstimos a pequenos empreendedores.

Ele incentiva a população a “representar” contra o gerente, pois este, por não ter interesse em atender a demanda de pequenos valores de crédito, estaria se recusando a conceder o ProCred360 e deveria ser punido, “e o será, com auxílio daquele ministério”.

“Em vez de explicar como conseguir a linha de crédito, o ministro incentiva os clientes a personalizarem nos empregados dos bancos públicos possíveis recusas ao crédito, ameaçando e responsabilizando os trabalhadores, como se estes fossem detentores de decisão das políticas públicas que operam”, explicou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros. “Importante reforçar que o crédito pode não ser aprovado por ausência de documentos, nota de relacionamento, não atendimento a critérios do programa, pendência no CPF, entre tantos outros motivos”, completou.

Para piorar, na data da publicação do vídeo, a política ainda não estava disponível nas agências da Caixa. O e-mail sobre a reabertura do ProCred360 só chegou às agências no dia 16 de outubro, cinco dias após a publicação do vídeo.

“Outra grave questão é o total desconhecimento do modelo de operação do trabalho bancário e a ausência do reconhecimento histórico do trabalho dos empregados da Caixa, que atendem a população em todos os níveis de políticas públicas financeiras, sejam de transferência de renda ou mesmo de crédito”, comentou a diretora da Apcef/SP, Vivian Carla de Sá.

Houve períodos em que a maioria dos empregados da Caixa esteve direcionado justamente ao atendimento à população mais carente e, quando isso se modifica, não é por deliberação dos bancários em seus locais de trabalho, mas por estratégia do banco público, que sempre deve ser revisada para compreender se as políticas têm chegado à população de fato. Não há no histórico na Caixa momento em que alguma política foi “escondida” ou “abandonada”. Ao contrário. É reconhecido o conflito complexo que a política do banco impõe no atingimento de metas em um banco em concorrência no setor em contraposição com o papel público da Caixa.

O papel público do banco jamais foi deixado de lado, principalmente por parte dos empregados da Caixa. O banco sempre teve em seu portifólio o MCMV, o seguro-desemprego, o FGTS, o FIES, o bolsa família, os repasses federais às prefeituras, entre diversos outros programas.

“Convidamos o ministro a conhecer o trabalho dos empregados da Caixa, seu dia a dia, e como se operacionaliza na ponta uma política pública de crédito, afinal, acreditamos ser muito importante em seu ministério, trazendo quem sabe, luz ao desenvolvimento de tais políticas e melhora no acesso à população”, reforçou Vivian de Sá. “Também convidamos a refletir o papel dos bancos privados e qual contrapartida tem com a sociedade ao garantir suas concessões, protegendo-se contra qualquer impacto financeiro, até mesmo na pandemia, quando não ofereceram sua malha de atendimento para diminuir a disseminação do vírus nas imensas filas da Caixa, mas mantiveram seus trabalhadores em risco oferecendo produtos bancários à população”, completou.

Ainda sobre o papel dos empregados da Caixa, importante lembrar que é necessária a contratação de mais trabalhadores de forma que todas as políticas públicas que existem sejam cada vez melhor implementadas.

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