Nesta quarta-feira (28) é celebrado o Dia do Bancário. Anuncia-se, assim, o movimento democrático e de cidadania de todos os trabalhadores das instituições financeiras públicas e privadas e que pode continuar inspirando sempre mais, como resultado de muitas mãos, muitas histórias, muitas lutas e muitas conquistas. A data decorre do desafio de manter os princípios que a guiaram, dando espaço aos trabalhadores do sistema financeiro, aos movimentos de resistência e de afirmação e às vozes da diversidade da categoria bancária no Brasil.
Desta vez, o 28 de agosto, Dia da Bancária e do Bancário, é marcado pelo mote “Ligados pelos direitos de todos”, na intenção de destacar as diversas realizações da categoria ao longo das últimas décadas. A comemoração neste ano acontece na quarta-feira do dia 28, mas esse movimento surgiu em 1951, quando a classe trabalhadora do setor bancário protagonizou uma das mais longas greves da categoria na história do sistema financeiro, para reivindicar reajuste de 40%, salário-mínimo profissional e adicional por tempo de serviço. A greve foi deflagrada porque os bancários não aceitaram a contraproposta de 20% de aumento feita pelos bancos.
Depois de 69 dias de paralisação, houve a conquista de 31% de reajuste, não sem antes de as bancárias e os bancários serem alvos de repressões, demissões, transferências compulsórias, perseguições, prisões e até espancamentos. O movimento da categoria colocou em xeque a Lei de Greve do governo Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) e serviu de referência para lançar as bases de mais sindicatos em vários pontos do país e a criação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 1955.
A data de 28 de agosto foi oficializada como Dia do Bancário por deliberação do 4º Congresso Nacional dos Bancários, em 1952, mas só em 1964 foi transformada em lei. É feriado, atualmente, em mais de mil cidades país afora, por meio de legislação municipal e estadual específica.
A história das bancárias e dos bancários é marcada por muitas outras conquistas, fruto de uma organização autônoma nacional que serve de exemplo para outras categorias, até fora do Brasil. A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que completa 32 anos em 2024, possui caráter nacional e unificado, ostentando ainda diversas cláusulas que garantem às bancárias e aos bancários direitos além do que é previsto na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
“Precisamos celebrar o Dia do Bancário de forma consciente, fazendo a luta em defesa de um instrumento fundamental da sociedade brasileira, a Caixa Econômica Federal, banco público responsável por linhas de crédito para o desenvolvimento sustentável do Brasil, como concessão de financiamento a programas de habitação social e popular”, ressalta Sergio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae). Ele lembra que os bancários estão entre as poucas categorias no Brasil que contam com uma CCT nacional e possuem cláusulas específicas relativas a temas de combate ao assédio moral e sexual, violência contra a mulher, relações homoafetivas e igualdade de oportunidades, naquilo que faz da categoria a pioneira na inclusão de assuntos de interesse social nos bancos.
De acordo com Sergio Takemoto, a categoria bancária é um símbolo de resistência e de organização. “Tudo que conquistamos até agora resultou da nossa unidade em defesa dos nossos direitos, sempre em articulação com o conjunto da classe trabalhadora. Ao longo dos anos, as conquistas foram surgindo com a mesa unificada nacional de negociação, a convenção coletiva nacional e os acordos específicos dos bancos públicos. Hoje, a categoria bancária é uma referência nacional em termos de negociação”, declara. O presidente da Fenae diz ser uma regra bem-sucedida, no âmbito da campanha salarial unificada, a opção por valorizar iniciativas que unam as questões mais gerais da categoria com os itens específicos dos empregados da Caixa.
Dia do Bancário na Caixa
Desde o início dos anos 1950, o 28 de agosto passou a ser visto pelos trabalhadores como dia de comemoração dos sucessos alcançados pela categoria com seu movimento de âmbito nacional e também como dia de fortalecimento da organização e da luta por novas conquistas.
Para os empregados da Caixa, o Dia do Bancário passou a fazer sentido a partir de 1985, também por força de outra greve histórica. Em 30 de outubro daquele ano, os trabalhadores, até então identificados como economiários, fecharam por 24 horas 100% das agências e unidades do banco em todo o país, para exigir jornada de seis horas e reconhecimento à condição de bancários, o que implicava em direito à sindicalização.
A Fenae parabeniza as bancárias e os bancários por mais este 28 de agosto, comemorado com unidade, organização e disposição de luta. A campanha salarial 2024 entra agora em fase decisiva, na mesa única com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e nas negociações concomitantes com a Caixa, e a conquista de aumento real nos salários, PLR digna, mais contratações, condições decentes de trabalho e de saúde vai depender, mais uma vez, da força e da coesão das trabalhadoras e dos trabalhadores do setor bancário. E a mobilização permanente é o nosso melhor instrumento de pressão, amparada por um desafio comum: todos juntos, nenhum direito a menos!