A notícia de que empregados cedidos para a subsidiária Caixa Asset foram destituídos após apresentar relatório em que não recomendavam a compra de títulos de crédito emitidos pelo Banco Master causou muita indignação entre os trabalhadores da Caixa e repercutiu de forma muito negativa na imprensa.
No parecer, o negócio era desaconselhado por vários motivos, dentre os quais o fato do modelo de negócios do emissor ser considerado de “difícil compreensão”, o que apontava para um “alto risco de solvência”, e tornaria o negócio (que foi considerado “atípico” e com valor “alto demais”) uma operação “arriscada” para a subsidiária. A destituição, ocorrida poucos dias após a apresentação do relatório, foi considerada uma retaliação.
Outras informações reforçam a preocupação com o negócio. O atual VP de Atacado da Caixa, Tarso Duarte de Tassis, nomeado durante a gestão de Carlos Vieira, é ex-consultor do Banco Master e foi recém nomeado para o Conselho de Administração da Caixa Asset. O atual presidente da subsidiária, Pablo Costa Sarmento, que também foi nomeado por Carlos Vieira, teria sido indicado para o cargo por Altineu Côrtes (RJ), líder do PL de Bolsonaro na Câmara, conforme fontes ouvidas por um jornal de grande circulação.
Em função destes graves fatos, a Conselheira de Administração eleita pelos empregados da Caixa, Fabiana Uehara, convocará o presidente da Caixa Asset para tratar destas destituições e da proposta de transação com o Banco Master, usando as prerrogativas previstas pelo artigo 38 do estatuto da Caixa, pelo artigo 13 do Regimento Interno do Conselho de Administração da Caixa e pelos artigos 153 e 154 da Lei 6404/76.
“Os fatos são graves e é necessário que sejam apurados. Não podemos permitir que situações como esta prejudiquem a imagem da Caixa”, avaliou Fabiaha Uehara. “Esta situação evidencia um dos problemas que decorre do fatiamento do banco. É muito mais difícil que uma situação como esta ocorra dentro da Caixa, que possui uma estrutura de governança mais robusta. Isto comprova que é urgente rever o processo de fatiamento promovido por Pedro Guimarães durante o governo Bolsonaro e reincorporar as subsidiárias”, avaliou o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.