Em meados de 2022, o jeito Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) de mudar o mundo, traduzido nas ações de responsabilidade social das entidades representativas do movimento associativo, concluiu mais uma etapa bem-sucedida de construção de uma rede de solidariedade em Belágua, no Maranhão, com base em valores do bem comum, dos serviços públicos e da cidadania. Foi um período representativo da atuação do Movimento Solidário em um dos municípios mais pobres do país e que figurou, em passado recente, entre os quatro maranhenses mais carentes.
Desde que chegou na região, em 2015, o programa social dos empregados e das empregadas da Caixa desenvolveu projetos de geração de renda e acesso a direitos em benefício de mais de 2.500 pessoas. Os resultados não tardaram a aparecer e vieram em redução da mortalidade materna e infantil. Em Belágua, o Movimento Solidário representou sustentabilidade para as comunidades de Preazinho, Juçaral, Cocalzinho, Rio de Najá, Marajá, Riachinho, Vertente, Pau Alto, Deserto II, Cupira Pó, São Domingos, Bom Princípio, Galegas, Jabuti, Santa Maria, Mendes 1 e 2, Mocambo 1 e 2, Olho D’Água, Cabeceira da Prata, Pilões, Brandura, Lagoas e Santana.
A mão amiga do Movimento Solidário marcou positivamente a vida da população de Belágua. Entre 2015 e 2022, foram disseminadas ações em 34 comunidades rurais, beneficiadas com as marcas singulares de 21 tanques de peixe, 10 hortas comunitárias, 10 poços artesianos, dois projetos de suinocultura, um projeto de abelhas sem ferrão, uma casa de farinha, um galpão de galinha caipira, um telecentro na sede do município e até serviços de saneamento. Essencial, para isso, foi a parceria com o governo do Estado e com o município, ao mesmo tempo e de forma articulada ou em cooperação. Os projetos para promoção de segurança alimentar e inclusão produtiva foram realizados com base nos anseios das comunidades atendidas.
Participação coletiva
“O Movimento Solidário sempre atuou com participação coletiva em todo o processo. Desde a decisão da parceria até a implantação, o trabalho desenvolvido visou o aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das regiões vulneráveis do município maranhense”, afirma Sergio Takemoto, presidente da Fenae. Ele lembra que as ações do Movimento Solidário foram discutidas pela Fenae e por seu Conselho Deliberativo Nacional (CDN), formado por representantes das 27 Apcefs afiliadas. E mais: os parâmetros para esse trabalho foram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
No início do programa, em 7 de julho de 2015, as ações foram emergenciais, com a distribuição de cestas básicas, filtros de barro, calçados e kits de higiene pessoal a 59 comunidades do município. Em um período de pouco menos de um ano, 10 comunidades já contavam com projetos de geração de emprego e renda implantados, com a construção de três tanques para criação de 2.500 peixes, dois galpões para a criação de galinhas e hortas comunitárias implantadas.
Na execução dos projetos, a participação comunitária foi decisiva para debater e definir as ações prioritárias a serem desenvolvidas. Por sete anos, em Belágua, a Fenae atuou como articuladora de projetos para reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida em comunidades carentes do município. O apoio dos poderes públicos municipais e estaduais foram importantes, mas o mais fundamental foi a contribuição dos empregados da Caixa para projetos de psicultura, criação de galinhas, criação de abelhas nativas sem-ferrão para a produção de mel silvestre, poços artesianos e hortas comunitárias. Essas iniciativas levaram alternativas de segurança alimentar e de geração de renda para as diversas comunidades da região, além de constituírem-se também como ação de conservação ambiental.
Produção do mel
Foram, ao todo, 48 projetos. Um dos mais difundidos foi o do Mel de Belágua, produzido pelas mulheres da comunidade de Preazinho e feito pelas abelhas nativas sem ferrão, que carregam em sua essência a doçura do néctar processado pelas das espécies Tiúba e Uruçu, comuns na região da Baixada maranhense. É simples assim: “O Movimento Solidário fez a gente acreditar em nossa capacidade”, resume uma líder comunitária do grupo de mulheres que trabalham com o mel. Entretanto, além da psicultura, as hortas comunitárias também fizeram a diferença nos povoados de Lagoas, Olho D’Água, Bom Princípio, Galegas, Jabuti, Santa Maria e Mocambo 1 e 2.
O mel produzido em Belágua é da marca Flor Mirim, cuja florada acontece uma única vez ao ano. Endêmica na região, a árvore Mirim confere ao mel propriedades exclusivas. Tendo como palco esse ambiente diferenciado, as abelhas trabalham na produção de um mel de altíssima qualidade.
Saúde priorizada
As ações de saúde do programa foram ainda fundamentais para o desenvolvimento das comunidades. Uma campanha emergencial, em 2020, em parceria com o governo do Estado e prefeitura, viabilizou a realização de 1.200 consultas oftalmológicas e 600 exames de sangue. E ocorreu assim: durante alguns dias de mutirão, dois oftalmologistas e mais 15 pessoas envolvidas, entre auxiliares de saúde, motoristas e voluntários, participaram de um esforço concentrado para atender crianças, jovens, adultos e idosos.
Em 2017, 484 pessoas receberam gratuitamente óculos de grau, por meio do Movimento Solidário. “Tinha passado por uma cirurgia da vista e o médico havia recomendado o uso de óculos, mas não comprei por falta de condições. Agora estou muito contente, enxergando bem e vou voltar a ler. Sem óculos, não conseguia nem fazer mais os serviços de casa”, contou uma moradora de Belágua.
Os exames oftalmológicos trouxeram alívio para crianças que não conseguiam evoluir nos estudos ou idosos que não conseguiam enxergar direito em virtude de problemas que podiam ser corrigidos com o uso dos óculos de grau. O diferencial dessa ação do Movimento Solidário em relação a outras realizadas antes foi que, pela primeira vez, equipes médicas chegaram aos povoados cujo acesso era muito difícil. Foi feito todo um esforço para contemplar comunidades que ficavam distante da sede do município.
Outras ações de saúde desenvolvidas nas comunidades abrangeram levantamentos das necessidades de vacinação das crianças e adultos, além de palestras sobre planejamento familiar, noções básicas de cuidados com a higiene e manejo de animais domésticos para evitar contaminações.