Na apresentação dos resultados do terceiro trimestre do ano, os dirigentes da Caixa, em 7 das 54 lâminas do Power Point, trataram da Caixa Seguridade, em especial da reorganização do grupo e das operações via corretora própria, que estaria atuando com co-corretoras para “colocar na prateleira das agências” os produtos da seguradora.
Os números do crescimento da receita de serviços obtida com a venda de produtos da Caixa Seguridade realmente são impressionantes: saltaram de R$ 82 milhões no terceiro trimestre de 2020 para R$ 441 milhões no terceiro trimestre deste ano, em um crescimento de 437,3%. Os dirigentes da Caixa atribuem o crescimento ao “novo modelo de parcerias” (página 47 da apresentação). Quem conhece o dia a dia das unidades tem opinião diferente: este aumento é resultado das metas abusivas, que cresceram assustadoramente do ano passado para este, e da pressão por seu cumprimento.
Um colega que atua como gerente de carteira relatou a pressão para vender seguro prestamista em todas as operações de crédito, até mesmo na “antecipação do FGTS”, operação de crédito que já tem como garantia os recursos da conta vinculada do trabalhador. No relato, citou que a maior parte das pessoas que buscam a operação o fazem “para comer, para pagar conta”, mas que a orientação é de fazer a venda mesmo assim.
Comissões sobre a venda de produtos – Além de todo este quadro de pressão, cobrança, adoecimento e denúncias de assédio, a empresa silencia sobre o pagamento das comissões sobre a venda de produtos da Caixa Seguridade.
Com o fim do Mundo Caixa, no início do ano, a Caixa divulgou o “Regulamento da Premiação da Seguridade”, que vinculava o pagamento de comissões ao Time de Vendas ao PQV e a um piso de valor de vendas por produto, deixando o comissionamento mais restritivo que anteriormente. O regulamento previa o pagamento das comissões apenas para o primeiro semestre do ano, e dizia que poderia ser prorrogado por igual período.
Até o momento, porém, não há informações sobre um novo regulamento ou sobre a prorrogação do atual. Os empregados, insatisfeitos, reclamam de um “calote” do pagamento, ao mesmo tempo em que a direção festeja o aumento dos resultados proveniente de seu trabalho e às custas de sua saúde.
Denúncia – A Apcef/SP está coletando relatos de colegas para subsidiar a formulação de uma denúncia ao Ministério Público de Trabalho. Para isso, precisamos de sua ajuda, com relatos e provas documentais da prática de assédio, metas e cobranças abusivas.
:: Caso queira se manifestar, entre em contato conosco pelo sindical@apcefsp.org.br.
Condições de trabalho – A representante dos empregados eleita para o Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, realizou uma consulta sobre a realidade das condições de trabalho oferecidas pelo banco, que finalizou no dia 16. “Com base nestes dados, vamos discutir ações com a direção para melhoria no dia a dia dos trabalhadores”, explicou Leonardo Quadros.