Por Vivian de Sá, diretora da Apcef/SP e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

Como acho que a maioria dos colegas já sabe, foi iniciado um movimento com a paralisação desta terça-feira (27), por meio do “estado de greve”, por tempo indeterminado, tirado na última assembleia, realizada em 22 de abril.

Há mais de um ano, a principal indagação da categoria é “tem Covid na minha agência! O que a gente faz agora? Como ficamos?” No começo, foi o susto, o medo, a insegurança. Diversos bancários trabalhando sem ver a família durante a semana, com receio de contaminar os seus. Quando um colega ou mais se contamina, o susto vem, o medo aumenta, o clima é o pior que pode haver em um local de trabalho. E a Caixa? Bem, já faz tempo que o protocolo é ambíguo demais para proteger, de fato, os empregados, e quando a proteção fica a cargo do bom senso, a intervenção sindical e associativa é imprescindível para, muitas vezes, lembrar que não importa que tem meta, importa que tem Covid!

A Covid, então, que pareceu iniciar uma trégua, retornou mais perigosa no Brasil do que no mundo inteiro. Enquanto a economia precisa continuar, vidas de trabalhadores vão sendo perdidas. Não é só o vírus que leva pessoas que “não se protegeram ou se preocuparam o suficiente”, é o nosso modo de vida, onde é imposto que nada pode parar e trabalhadores continuam seguindo, dia após dia, ao trabalho, indo para a guerra com, no máximo, um colete.

Parece que os trabalhadores, de maneira geral, aceitaram o pacto social que os obriga a trabalhar na pandemia, mesmo os não essenciais, até que venha a vacina. No entanto, tem horas que o empregador abusa em um nível tão absurdo que coloca todo mundo para parar um instante e pensar. Por que estamos fazendo isso?

No caso da Caixa, parte do serviço é essencial sim, mas o empregador está chamando todo mundo de otário. Trouxa mesmo.

– Ei, vem aqui, moleque do serviço essencial! Larga esse senhor na fila aí e vá vender seguro de vida que eu preciso valorar uma empresa aqui.

– Ei, mané de crachá, digo… Herói! Essa PLR aí que o pessoal ficava pagando para vocês tá muito alta isso daí, vou mexer nessa qüestão aí taokey?

– Ei, já ouviu falar em IPO? Pronto, vou te explicar num slide aqui. Aprendeu? Agora vende! É ótimo, aproveita e compra também! Já já a gente abre mais uns. Gostou? Me dá um abraço aqui! Essa granada já tá sem o pino, fica paradinho vendendo enquanto eu corro e conto até cinco.

– Aaaa, prioridade na vacina não é comigo, sabe, tem de aguardar aí… Ver como é que fica isso daí… Mas continua aí viu! Logo chega o dia D, a hora H.

Bom, não é o dia D ou da hora H da vacina, mas é o do basta! Chega! Por que continuamos seguindo essa fila, essa meta, esse objetivo? Eles não podem tirar nossos empregos e mesmo nossa comissão, não é tão fácil! Vamos nos unir, porque se todos estivermos juntos, eles não são nada, estarão sozinhos! Eles precisam de nós até para vender a empresa, até quando vamos seguir com eles?

Sabe qual a principal pauta desse movimento, colegas? É sobrevivência. Vacina e defesa da empresa. Estão correndo para vender e nem se importam com nossa saúde, mas se a gente para, eles não têm como correr. Eles nem mesmo saberão andar.

Estarão paralisados.

Só estamos começando…

(AVANTE)

Compartilhe: