A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) apresentaram na tarde desta quinta, 29, durante painel do Fórum Social Mundial, os resultados da pesquisa nacional com 8.560 bancários e bancárias de todos os estados da Federação, que estão trabalhando ou já trabalharam em regime de home office.
“O teletrabalho e a aceleração das transformações tecnológicas nos bancos” foi o tema do painel e, conforme salientou Dionísio Reis, diretor da Região Sudeste da Fenae, o home office na pandemia foi implantado para salvar vidas, mas deve ser muito negociado porque é preciso garantir ao empregado o direito à desconexão fora do seu horário de trabalho e as condições necessárias para que ele realize seu trabalho.
Os dados da pesquisa foram apresentados pelas técnicas do Dieese, Bárbara Valejos e Vivian Machado, que coordenaram o trabalho da Rede Bancários Dieese. Como constatou a pesquisa, o home office, embora apresente aceitação elevada entre os(as) bancários(as) – 42% desejam realizar regime misto entre presencial e home office após a pandemia – traz sinais de adoecimento na categoria bancária, com intensificação de sintomas e criação de novas formas de sofrimento.
Vivian Machado ressaltou o medo de ser esquecido e que 54% dos entrevistados disseram ter medo de serem demitidos. Essa apreensão reaparece para 55,6% que disseram “sempre estar preocupados com o trabalho”. “Embora tenha surgido como alternativa mais efetiva para proteger os funcionários com comorbidades dos riscos de contágio do vírus, outras doenças (físicas e mentais) têm acometido os empregados que estão em home office durante a pandemia. Depressão, ansiedade e insônia foram alguns dos problemas que se agravaram com o teletrabalho” afirmou.
Para 58,9% dos entrevistados, a jornada efetivamente trabalhada em home office permaneceu igual à que era cumprida presencialmente; mas para 35,6% a jornada de trabalho aumento “muito” ou “um pouco” em relação ao trabalho presencial. A pesquisa apurou ainda que em relação a “estrutura para o trabalho”, a pior situação é a dos equipamentos de ergonomia (apoios para antebraços, pulsos e pés, suporte de ajuste de altura para monitores, entre outros), considerados muito ruins por 22% dos respondentes e ruins por 23% deles.
Na opinião de Mário Raia, secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf, o home office envolve muitas variantes e deve ser objeto de muito regramento para que não prejudique o trabalhador.