“Meu pai sempre me dizia
Meu filho tome cuidado
Quando eu penso no futuro
Não esqueço o meu passado”
(Paulinho da Viola/Desilusão)
A Caixa chega aos 160 anos neste 12 de janeiro de 2021. E olhar para seu futuro é, sem medo algum, retornar no tempo e reafirmar a proposta original desta inestimável e secular instituição: afinal, o decreto imperial 2.723, assinalando o nascimento do banco público já anunciava o decisivo papel para a sociedade que a acolhia: “receber (…) as pequenas economias das classes menos abastadas, e (..) assegurar, sob garantia do Governo Imperial, a fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte, quando este o reclamar”.
O banco que atravessou o século e viu mudar governos, culturas e sociedade, que acolheu os menos “abastados”, inclusive escravos que tentavam poupar para a alforria, e teve entre seus ilustres clientes Machado de Assis (o escritor registrou em testamento dinheiro em conta sob número 14.304), sobreviveu com o talento e organização de seus empregados, cumprindo o papel fundamental de contribuir para o crescimento e desenvolvimento do País e dos brasileiros, com programas sociais e ações de altíssima relevância nas áreas de moradia, educação, infraestrutura, entre muitos mais.
E, nestes novos tempos, em que segue ameaçado pela pandemia e pela privatização desejada pelo governo Bolsonaro, resiste, dando show de inovação tecnológica e realizando atendimento a milhões. Enquanto tal governo anda pela contramão do mundo, já que se reestatiza em muitos países, a Caixa se fortalece junto ao povo, que reconhece sua importância e rejeita a privatização.
Se hoje o Estado tem um banco desse porte, é porque ao longo do tempo, empregados, entidades sindicais e associativas e movimentos organizados empunharam a bandeira da defesa de sua manutenção como instituição pública.
Pensar a Caixa pública, portanto, é somar tempos, pois não se pode vislumbrar seu futuro sem lembrar de seu passado e da longa trajetória pelo desenvolvimento do País e seu povo.
A Caixa não pertence a um determinado governo, mas ao Estado, ao povo brasileiro, que não vai permitir sua venda.
Parabéns aos trabalhadores da Caixa pelo compromisso e dedicação.
Parabéns as entidades e movimentos que resistem bravamente ao desmantelamento do patrimônio público e do Estado.
Parabéns a todos os que contribuíram para construir essa magnifica instituição brasileira.
Se é público é para todos.
Rita Serrano. Representante dos empregados eleita para o Conselho de Administração da Caixa. Coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. Conselheira fiscal da Fenae. Mestra em Administração. Autora do livro, “Caixa, banco dos brasileiros” (2018), e de diversos artigos sobre a Caixa, o último, “O Futuro da Caixa depende do modelo de Estado”, foi publicado no Livro “A era Digital e o trabalho Bancário” (2020)