Na luta por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres, como preconiza a filósofa e economista marxista Rosa Luxemburgo (1871-1919), a dirigente sindical Fabiana Uehara Proscholdt assume a coordenação da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), que assessora o Comando Nacional dos Bancários nas rodadas de negociações específicas com a direção da Caixa.

Ela é a segunda mulher eleita para ocupar o cargo. A primeira foi Fabiana Matheus, atualmente diretora de Saúde e Previdência da Fenae, entre os anos de 2014 e 2016. A nova coordenadora é conhecida pelos colegas bancários como Fabizinha ou Fabianinha.

No cargo, cujo anúncio oficial ocorreu virtualmente na última sexta-feira (31 de julho), durante reunião do Comando Nacional, “Fabianinha” substitui Dionísio Reis, que coordenou a CEE/Caixa por quatro anos. A nova coordenadora faz um apelo a todos os trabalhadores do banco: “Sigamos juntos na luta pela Caixa 100% pública, por Saúde Caixa para todos, por melhores condições de trabalho e por valorização dos empregados, com mais contratações”.  

À frente da Comissão Executiva dos Empregados, Fabiana Proscholdt afirma que o princípio a realizar é o de uma gestão democrática e com trabalho em equipe, pautando pelo diálogo a relação com o movimento dos trabalhadores e com os próprios colegas do banco. “Acredito que isso seja o alicerce de qualquer construção coletiva”, diz.

A nova coordenadora da CEE/Caixa lembra aos empregados do banco que há uma campanha salarial pela frente, com o desafio de fazer a resistência contra qualquer tentativa governamental de privatizar a única instituição financeira 100% pública do país e com caráter social.

Do interior de São Paulo, da cidade de São Bernardo de Campo, a Fabiana define-se como “um ser em evolução, uma pessoa dedicada, focada e desenrolada, correndo atrás do que acha certo e justo”. Acha-se uma boa amiga e mãe presente, dando sempre o seu melhor em tudo a que se propõe realizar. É mãe de Chris Proscholdt (Pandinha), “um parceiro de todos os momentos”.

Sobre mudança no movimento sindical bancário em relação à mulher, a resposta é direta: “O movimento sindical faz parte da sociedade e reproduz, infelizmente, problemas como o machismo, a homofobia e a transfobia. Ainda tem muita coisa a mudar e melhorar”.

Na Caixa desde 2001, Fabiana Proscholdt é técnica bancária nova. Exerce atualmente, no movimento sindical bancário, os cargos de secretária de Cultura da Contraf/CUT e de secretária-geral do Sindicato dos Bancários de Brasília. É formada em Direito, pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (SP).

Coordena também os GTs Saúde Caixa e Saúde do Trabalhador, além de ser conselheira eleita no Conselho de Usuários do Saúde Caixa. É associada à Apcef/DF e considera o movimento dos empregados do banco uma organização nacional importante. E complementa: “Trabalhamos numa só empresa e é necessária uma articulação nacional para defendermos benefícios e direitos para todos, com todas as particularidades que cada região possa ter”.

Confira a entrevista que a nova coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados concedeu ao portal da Fenae:     

Na atual conjuntura, qual a responsabilidade de assumir a coordenação da Comissão Executiva dos Empregados, a ser exercida pela segunda vez por mulheres?

Fabiana – A responsabilidade já seria grande independentemente de quem estivesse à frente da CEE/Caixa. Temos um cenário bem difícil e complicado, considerando o governo federal e uma direção do banco alinhada com a política de privatização do patrimônio público. Essa opção pelo fatiamento ou venda da esfera pública agride a soberania nacional, a democracia e os interesses da população.

Sendo mulher, existem alguns desafios a mais, justamente pelo mundo machista que vivemos. O bacana é que isso também ajuda a inspirar outras mulheres, pois lugar de mulher é onde ela quiser, a exemplo da coordenação do nosso Comando Nacional dos Bancários, conduzida por duas grandes lideranças femininas: Juvandia Moreira (presidenta da Contraf/CUT) e Ivone Silva (presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região). 

O que a sua gestão irá priorizar à frente da CEE/Caixa?

Fabiana – A minha gestão continuará, e espero ampliar, o trabalho que já estava sendo feito pelas anteriores, que é priorizar a manutenção dos direitos dos empregados da Caixa, bem como a luta por melhores condições de trabalho, contratações e valorização dos trabalhadores. Temos uma pauta construída no 36º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) a negociar e implementar junto ao banco 100% público e com caráter social.

Como coordenadora da CEE/Caixa, como pretende conduzir a relação com o movimento dos trabalhadores?

Fabiana – A relação com o movimento dos trabalhadores, assim como com os próprios colegas, será pautada primeiramente pelo diálogo. Acredito que isso seja o alicerce de qualquer construção coletiva. Até porque sou mais uma nesse processo para conquistas de direitos.  

Como tem sido a sua trajetória em entidades representativas dos trabalhadores?

Fabiana – Pois é, minha trajetória de militância é bem interessante. Isto porque parti de uma pessoa que desconhecia o movimento sindical e, hoje, defendo o que é necessário e fundamental para os trabalhadores.

Bom, eu me sindicalizei em 2009, já em Brasília, onde fui eleita na minha unidade como delegada sindical. Devido à minha participação no dia a dia, em 2010 fui convidada para integrar a chapa e ser candidata à secretária de Saúde do Sindicato dos Bancários de Brasília, quando fomos eleitos.

Em 2012, entrei para a direção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT). Ali participei do Coletivo de Juventude da CUT e, também, presidi por dois anos (2013/2014) a UNI Américas Juventude. Em 2015, fui eleita secretária Nacional de Juventude e, em 2018, secretária Nacional de Cultura. Em 2019, fui eleita secretária-geral do Seeb/DF. Nesses espaços que ocupei e ainda ocupo, aprendo e tenho a base para fazer a diferença no trabalho em defesa dos meus colegas e da Caixa.

Qual a importância do movimento nacional dos empregados da Caixa na luta pela manutenção do banco 100% público e na defesa dos direitos dos empregados?

Fabiana – A organização nacional é importante. Trabalhamos numa só empresa e é necessária uma articulação nacional para defendermos benefícios e direitos para todos, com todas as particularidades que cada região possa ter.

O 36º Conecef, realizado em julho, foi  fruto dessa luta e organização nacional. E com essa articulação é que também defendemos a Caixa 100% pública. São debates que convergem! A Caixa é o que é graças aos seus empregados, que acreditam no papel social da empresa.

Sigamos juntos na luta pela Caixa 100% pública, por Saúde Caixa para todos, por melhores condições de trabalho e por valorização dos empregados, com mais contratações.

Em termos de conquistas e lutas, o que representa para os empregados da Caixa a Campanha Nacional 2020 da categoria bancária?

Fabiana
 – A considerar o cenário de retrocessos e retiradas de direitos que estamos vivenciando na nossa sociedade, a Campanha Nacional da categoria bancária é extremamente importante para a manutenção de nossos direitos e conquistas. Também vamos tentar avançar em outras direções, como na luta por democracia, soberania nacional, defesa da vida e pelo respeito aos direitos dos trabalhadores do país.

Além disso, por sermos a única categoria com Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) nacional, também servimos de exemplo para a luta de outras categorias. Mais do que nunca, temos que ser “resistência”.

Como você avalia a atuação e o empenho dos trabalhadores da Caixa em meio à crise causada pela pandemia?


Fabiana
 – Eu sou suspeita para falar. Tenho o maior orgulho dos meus colegas. Todos estão fazendo um “puta” trabalho para atender à demanda da sociedade nesse caos. Mas o absurdo é que isso é feito com condições precárias, com pressão por metas, com assédio, com risco de adoecimento, com sistemas instáveis, com usuários, às vezes, agressivos. Os empregados da Caixa são guerreiros!

O que deveria mudar no movimento sindical bancário em relação à mulher?


Fabiana
 – O movimento sindical faz parte da sociedade e, infelizmente, reproduz problemas como o machismo, a homofobia, a transfobia etc. Com os constantes debates e embates, vamos avançando, mas ainda tem muita coisa a mudar e melhorar.

Como pretende conciliar os cuidados do filho, Chris, com o trabalho na CEE/Caixa?


Fabiana
 – Meu filhote é meu parceiro de todos os momentos. Eu não tenho família em Brasília, então, ter uma rede de apoio é fundamental. Felizmente, sempre tive apoio da Contraf/CUT, Fenae e do Sindicato dos Bancários de Brasília para desenvolver as minhas atividades. Isso é extremamente importante, porque defendemos que as mulheres, em especial as que são mães, possam ocupar todos os espaços. Logo, existe a necessidade de se ter estrutura para isso.

Mas não vou aqui esquecer minhas amigas e amigos que também me ajudam, em especial as mães de amiguinhos do Chris, que já quebraram muitos galhos para que pudesse trabalhar.

Quem é Fabiana Uehara Proscholdt?

Fabiana – Sou um ser em evolução. Como todo mundo, já tive muitos percalços nesta vida, mas, à medida que surgem, vou conseguindo vencê-los.

Vejo-me como uma pessoa dedicada, focada e desenrolada. Sempre corri atrás do que acho certo e justo. Sou workaholic. Acho-me uma boa amiga e mãe presente. E faço o meu melhor em tudo o que me proponho fazer.

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