Quase quatro meses depois do governo decretar estado de emergência por causa da pandemia do coronavírus no Brasil, a Funcef ainda não adotou nenhuma medida para atenuar o peso dos empréstimos no bolso dos participantes.

Como já apontou pesquisa da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) , o alto endividamento é um dos principais problemas dos trabalhadores aposentados e ativos da Funcef, inclusive é responsável por diversos transtornos mentais como preocupação excessiva, angústia, ansiedade e depressão.

A Fenae já mostrou que o CredPlan poderia ser usado para ajudar os participantes nesse momento com medidas simples como suspender o pagamento das parcelas por 90 dias, estabelecer 90 dias para o vencimento da primeira parcela para novas concessões e diminuir a taxa de juros dos empréstimos.

Um Estudo técnico realizado a pela consultoria Ermida a pedido da Fenae indica que a taxa do Credplan poderia ser reduzida em cerca de 2 pontos percentuais preservando a sustentabilidade da carteira. Atualmente, a Funcef cobra nos empréstimos uma taxa que chega a ser 2,4% superior à meta atuarial.

A única medida tomada pela Fundação até agora foi abrir a possibilidade de refinanciar três meses de cobrança das parcelas, estendendo o prazo de pagamento e por consequência o valor do empréstimo. Em função dos juros acumulados, o impacto cresce à medida em que o prazo do empréstimo é maior. A depender do número de meses restantes para a quitação, a suspensão de três parcelas pode significar o aumento de até 11 parcelas para quem ainda teria 120 meses pela frente, ou seja, no fim o participante sairia perdendo.

Além disso, a Funcef restringiu em cerca de 50% a margem consignável do Credplan em dezembro do ano passado, antes mesmo do fim definitivo do convênio com o INSS. A diminuição da margem, que é o valor máximo da renda que pode ser comprometido em um empréstimo consignado, deixa a grande maioria dos aposentados e pensionistas sem crédito.

“As medidas apontadas poderiam ser facilmente adotadas, se houvesse interesse por parte da Funcef. Percebemos que os participantes estão cada vez mais desesperados financeiramente diante de uma crise sem precedentes como essa”, ressalta da Diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.

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