Em quatro anos em Belágua, o Movimento Solidário comemora o engajamento das comunidades, que com seu esforço estão superando as expectativas mais otimistas. Todos os projetos implantados nas comunidades, seja de criação de galinhas, peixes ou codornas, seja de plantio de hortas comunitárias, já produzem mais do que o necessário para o consumo das famílias.

E com a parceria do estado e do município, elas podem vender o excedente ou trocar com as outras comunidades. Segundo explicou Denise Viana, coordenadora do projeto e analista da Fenae, a ideia é que trabalhem de forma coletiva e solidária: “Buscamos, após conversas e debates com as famílias, implantar projetos complementares em diferentes comunidades. Assim, as que optaram pelos peixes podem trocar sua produção com as que optaram pelas galinhas, por exemplo. Isso reforça a segurança alimentar e permite maior variedade” afirma ela.

Além de ter cadastrado os produtores no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para a merenda escolar, às terças-feiras, de 15 em 15 dias, a prefeitura vai às comunidades buscar os produtos e cede as barraquinhas para a realização de uma feirinha na sede da cidade.

José Elias Barros da Silva, da comunidade Mocambo 1, comemorou a venda de todos os peixes que levaram na última feira, mais de R$ 600 reais. “Não deu para quem quis, ficamos muito felizes, porque com esse dinheiro iremos continuar a investir na melhoria das condições de vida de nossa comunidade”, afirmou o líder comunitário. Como eles não pagam o transporte nem a infraestrutura para a feira, acertaram com a prefeitura a venda a preços convidativos. O quilo da tilápia, por exemplo é vendido a R$ 10.

Com isso, estão proporcionando alimentos de qualidade para toda a população e fazendo o dinheiro circular no município. “É a verdadeira economia solidária se fazendo aqui em nosso município, graças ao pontapé inicial proporcionado pelos que colaboram com o Movimento Solidário”, disse o secretário de Agricultura de Belágua, José Barros de Souza, o Neto.

O dinheiro arrecadado com venda dos produtos é investido em ampliação e manutenção dos projetos. A comunidade de Bom Princípio e Lagoas, por exemplo, já construiu mais dois tanques de peixes com os recursos arrecadados com a venda do excedente. A comunidade de Preazinho, que era uma das mais carentes em termos de segurança alimentar, já construiu mais um tanque.

O estado do Maranhão, além de ter feito um curso de capacitação em gestão para os líderes comunitários, está fornecendo biofertilizantes para uso nas hortas comunitárias, que não usam adubos químicos. “É gratificante ver a alegria das famílias ao verem sua realidade mudar e ao mesmo tempo estarem comercializando alimentos de qualidade, a preços justos”, destacou Domingos Souza, consultor local dos projetos no município.

Jair Ferreira, presidente da Fenae, faz questão de elogiar o capricho e cuidado dos moradores na construção, contenção e isolamento dos tanques (para evitar a entrada de crianças e animais), nas tecnologias para construção do galinheiro (cercado com buriti nos locais onde não existe barro) e na organização de um revezamento de trabalho para os cuidados diários das criações. “Percebemos a transformação já operada e o poder de um trabalho construído por diversas mãos, uma parceria que começa com a doação dos empregados da Caixa. Nada seria possível sem o empenho e a determinação das comunidades que estão abraçando como seu o projeto. Esse é o nosso objetivo, é gratificante ver o empenho de cada um para que todos tenham uma vida melhor. Essa é a esperança que nos move”, ressalta.

Eunice Silva, 27 anos, da comunidade Jabuti, confessa que ficou “ressabiada” quando foi chamada a participar da reunião de definição de prioridades na primeira etapa do projeto. “É que a gente vai ficando calejada de ver projetos que depois não vingam por falta de assistência. Mas desde o início percebi a diferença, a presença de dona Denise (Viana, analista de responsabilidade social da Fenae e), do Domingos (consultor local) e dos veterinários que não abandonam a gente, me animou e sei que agora vamos seguir em frente e avançar cada vez mais. Quem sabe o tanque de 2500 peixes que implantamos em nossa comunidade não é a semente de uma pequena indústria de pescados no futuro? A nossa comunidade tem condições de fazer isso”, disse ela.

Em visita que fez recentemente a Belágua, Jair Ferreira, presidente da Fenae, fez questão de elogiar o capricho e cuidado dos moradores na construção, contenção e isolamento dos tanques (para evitar a entrada de crianças e animais), nas tecnologias para construção do galinheiro (cercado com buriti nos locais onde não existe barro) e na organização de um revezamento de trabalho para os cuidados diários das criações.

“Quem veio aqui antes percebe a transformação já operada e o poder de um trabalho construído por diversas mãos, uma parceria que começa com a doação dos empregados da Caixa, tem o apoio da Wiz, das Apcefs, de órgãos dos governos estadual e municipal. Nada seria possível sem o empenho e a determinação das comunidades que estão abraçando como seu o projeto. Esse é o nosso objetivo, é gratificante ver o empenho de cada um para que todos tenham uma vida melhor. Essa é a esperança que nos move”, ressaltou.

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